Você sabia que ouvir é diferente de escutar?

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Vanessa Moraes

Você sabia que ouvir é diferente de escutar?

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Sim. Ouvir é diferente de escutar. Ouvir é um mecanismo passivo e escutar é um mecanismo ativo e para que aconteça uma compreensão de fala satisfatória é importante que a “engrenagem” da compreensão de fala esteja em perfeito funcionamento.

Essa “engrenagem” é dividida em três partes. O primeiro é o sistema periférico, que é a parte da entrada do som, onde acontece a audibilidade, não podendo ter nada que atrapalhe o caminho do som, não pode haver nenhum tipo de lesão auditiva. A segunda parte da engrenagem é a do sistema central, no qual acontece o processamento do som, é o que o cérebro faz com o som que as orelhas estão enviando para cima. É ali que vai acontecer uma integração do som, uma separação do som, diferenciação do som, ou seja, é o processamento auditivo acontecendo. A terceira parte são as funções superiores que são a atenção, memória e linguagem. Essa engrenagem tem que estar em perfeita harmonia para que exista uma perfeita compreensão de fala.

E se essa engrenagem estiver em desarmonia se inicia comportamentos muito desagradáveis que são os aspectos psicossociais, ou seja, a pessoa começa a se isolar, evita situações de fala, finge que entendeu, acha que é sempre o outro quem está falando baixo dificultando seu entendimento, ou fala rápido demais, ou seja, a culpa sempre é do outro.

Imaginemos uma situação: em um açougue de esquina (muito barulho externo dos carros na avenida), um atendente de 60 anos usando máscara (provavelmente pela idade já tenha algum grau de alteração auditiva) e um cliente também de máscara de 70 anos, com muita dificuldade de compreensão, solicitando seu pedido… Muito provavelmente esta “engrenagem” estará alterada em todas as partes, pois dificilmente a comunicação acontecerá de forma eficiente neste ambiente ruidoso, com habilidades auditivas alteradas, com o uso de máscara dificultando uma necessária leitura labial para indivíduos com perda auditiva.

O fato é que não podemos deixar de usar máscaras. Mas há como minimizarmos os efeitos do uso dela:

– Use gestos ao se comunicar;

– Fale pausadamente;

– Preferencialmente fale em ambiente silencioso e usando entonação na voz;

– Articule bem as palavras, a máscara não impede a abertura da boca para se comunicar;

– Chame a atenção do ouvinte antes de iniciar uma conversa.

E quando esta “engrenagem” estiver desarticulada, saiba que tudo isso tem solução e o nome disso é reabilitação auditiva. Procure seu médico otorrinolaringologista e uma fonoaudióloga e se informe sobre isso.

E lembre-se: quanto mais cedo o diagnóstico e a reabilitação forem realizados, maiores serão as chances de sucesso no tratamento.

Vanessa Moraes  é audiologista-   @fonovanessamoraes

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