Programa “Palavra Literária” entrevista Neusa Baptista no último episódio da segunda temporada

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Programa “Palavra Literária” entrevista Neusa Baptista no último episódio da segunda temporada

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Jornalista, escritora e idealizadora de ações educacionais com foco na diversidade racial, Neusa Baptista é a entrevistada do último episódio da segunda temporada do programa “Palavra Literária”, que vai ao ar neste sábado (21), na TV Assembleia (canais 30.1 e 30.2), às 12h30 e às 18h30.

Paulista de Lençóis, Neusa mora em Cuiabá há quase 30 anos. Formou-se em jornalismo pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), onde também concluiu seu mestrado em Estudos de Cultura Contemporânea, com a dissertação: “Ativismo de Mulheres Negras em Cuiabá: Práticas de Comunicação e Vinculação Social”.

Engajada na luta contra o racismo, destaca a importância da participação da mulher negra na literatura. “Esse é um espaço que é negado para a mulher negra. Espaços menos nobres já são negados, imagina o espaço da literatura, da intelectualidade, da inteligência, da produção, do pensamento. Toda essa intelectualidade é negada para a mulher e para a mulher negra mais ainda, como se os espaços que a gente pudesse ocupar fossem só de trabalho braçal”, avalia.

Seu primeiro livro, “Cabelo Ruim? A história de três meninas aprendendo a se aceitar”, foi lançado em 2006 na Feira Sul Americana do Livro (Literamérica), em Cuiabá, e é fruto do “Projeto Pixaim: nem bom nem ruim, apenas diferente”, realizado como estímulo à valorização do cabelo crespo entre crianças da periferia.

O livro é ambientado no espaço escolar e conta a história de três meninas – Tatá, Bia e Ritinha – que tentam superar o preconceito. Na narrativa, a personagem Tatá é chamada de “mais uma de cabelo ruim” por um colega de sala. A situação dá origem a uma forte amizade entre elas, que, juntas, percorrem o caminho da auto aceitação e da luta contra o racismo.

Grande sucesso de público e de vendas, o livro ganhou novas edições – a mais recente foi publicada em 2021, para o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) -, inspirou peças teatrais e é utilizado como material paradidático em escolas públicas e privadas.  Em 2014, a história foi lançada na versão quadrinhos, com o título “Bia, Tatá e Ritinha em: Cabelo Ruim? Como Assim?”.

“O livro nasceu de uma inquietação minha de pensar por que nós, negros, temos essa aversão ao nosso próprio corpo. Por que aprendemos a não gostar das nossas características físicas, por que as mulheres negras são quase que obrigadas a alisar o cabelo para ser aceitas, para procurar um trabalho, para continuar a sua jornada. Então, daí surgiu a ideia de fazer o livro”, conta a autora, que revela ainda que as personagens foram inspiradas em suas sobrinhas.

Neusa Baptista diz que nunca imaginou que a obra faria tanto sucesso e que se surpreende com a sua repercussão ao longo dos anos. Ressalta ainda a importância de trabalhar o tema racismo nas escolas, ação que promoveu de forma intensa até 2016, por meio do Projeto Pixaim, com a realização de diferentes atividades, como oficinas de tranças e de confecção de bonecas negras, rodas de conversas, etc.

“Por incrível que pareça, hoje ainda tem pessoas que não querem abordar o racismo nas escolas, professores que negam a existência do racismo. Isso é muito grave, porque os professores passam por uma formação muito afinada. De 2007 para cá muitos anos se passaram, mas não sei se essa realidade mudou, porque todas as vezes que você chega em um ambiente para falar sobre isso ouve as mesmas críticas e os mesmos questionamentos, como dizer que o tema já está superado ou que o próprio negro se discrimina”, relata.

Entre os projetos futuros de Neusa, estão a retomada do Projeto Pixaim e a publicação de sua dissertação de mestrado, de um livro de contos e também de novos livros infantis.

As reprises do programa “Palavra Literária” são transmitidas aos domingos (11h30/21h), terças (12h30 / 22h) e sextas-feiras (12h30/22h).

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