Multicampeão, goleiro sérvio do Brasil cita motivação: “Olimpíadas em casa”

Redação PH

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Multicampeão, goleiro sérvio do Brasil cita motivação: “Olimpíadas em casa”

Cinco vezes campeão da Liga Mundial (2006, 2007, 2008, 2010 e 2011), bicampeão da Europa (2006 e 2012), campeão mundial (2009), campeão da Copa do Mundo (2010) e dono de duas medalhas de bronze olímpicas (2008 e 2012). Este é o currículo de Slobodan Soro, goleiro sérvio "contratado" para defender a seleção brasileira de polo aquático nas Olimpíadas de 2016. À espera da autorização da Fina (Federação Internacional de Natação) para poder atuar pela seleção brasileira após o processo de naturalização, o experiente atleta de 36 anos explicou uma de suas motivações ao aceitar o convite para vir ao Brasil:

– Jogar as Olimpíadas em casa é uma coisa muito especial.

A casa a que o multicampeão se refere agora é o Rio de Janeiro. Depois de ser peça fundamental na seleção da Sérvia durante vários anos, Soro atualmente mora no Brasil e joga pelo Botafogo. Além da oportunidade de disputar os Jogos Olímpicos pela primeira vez com uma equipe jogando em seu país, com a torcida a favor, o goleiro também se mostrou bastante animado e satisfeito em poder contribuir com o projeto do crescimento da modalidade no Brasil.

– Eu sou jogador de polo aquático há 26 anos, toda a minha vida foi no polo aquático, joguei muito pela seleção sérvia, ganhei tudo que existe no mundo. Quando parei de jogar pela Sérvia, pensei: "o que fazer mais?" Aí saiu essa ideia dos meu amigos Felipe Perrone (capitão da seleção, que jogou com ele na Europa) e do Mirko Blasevic (que foi técnico do Brasil), para ficar aqui no Brasil, ajudar e fazer uma coisa boa para o polo aquático mundial. Depois saiu essa ideia de jogar pela seleção brasileira. Eu quero fazer alguma coisa pelo polo aquático, porque tudo que eu tenho na minha vida é por causa do polo. E isso também é uma coisa boa para mim, para ficar mais tempo na água e jogar mais uma vez as Olimpíadas. Tenho duas medalhas, em Pequim e em Londres, mas nunca joguei dentro de casa, agora vou jogar as Olimpíadas em casa, é uma coisa muito especial – explicou o atleta sérvio.

Slobodan Soro assinou contrato com a CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos) em janeiro de 2014, passou a jogar pelo Fluminense, mas depois voltou a atuar pelo Partizan Belgrado, da Sérvia. Como existe a exigência de estar morando há pelo menos um ano no Brasil para concluir o processo de naturalização, a Fina não permitiu que ele defendesse a seleção brasileira na Liga Mundial e nos Jogos Pan-Americanos de 2015. Então, Soro começou a jogar no Botafogo e, após o atraso na autorização, deve ser liberado para jogar pela equipe nacional a partir de junho do próximo ano, às vésperas do Rio 2016.

– Eu gostaria de jogar pela seleção antes de junho, temos outros torneios e jogos importantes antes, gostaria de jogar tudo que for possível agora. Ano que vem tem Sul-Americano, depois Liga Mundial, e teremos pouco tempo até as Olimpíadas, então cada partida é muito importante. Por isso eu gostaria de jogar amanhã, mas temos que esperar um pouco mais até que tudo se resolva com a Fina, e acho que no final tudo vai ficar bem – afirmou.

O goleiro sérvio Slobodan Soro se naturalizou brasileiro para jogar pela seleção de polo (Foto: Vitor Silva/SSPress)

Ao lado do croata Josip Vrlic e de Felipe Perrone (nascido no Brasil, mas que defendeu a Espanha e agora voltou ao país), Soro tem papel importante na orientação dos atletas mais jovens da seleção brasileira, dentro e fora da piscina. Os três recebem salário da CBDA e fazem parte do projeto olímpico do polo aquático no país. Experiente, o sérvio está ajudando na evolução dos outros dois goleiros do Brasil: Vinícius Antonelli e Thyê Mattos.

– O Soro é um goleiro experientíssimo, veio de uma das melhores escolas do mundo. Agora que estamos começando a treinar mais juntos, a conviver mais, então ele tem passado bastante coisa. A técnica para o goleiro é uma coisa muito particular, no mundo é difícil encontrar treinadores de goleiros, no Brasil então praticamente não existe. Eu treino sozinho há muitos anos e nunca tive um feedback da parte técnica, sempre trabalhamos muito a força, mas não tínhamos como evoluir a técnica. Nessa semana de treinamentos aqui no Rio ele começou a passar algumas coisas para a gente, isso é fundamental, as dicas que ele dá, ver como ele treina – contou Vinícius, goleiro titular na seleção nas campanhas da prata no Pan de Toronto e do bronze na Liga Mundial de 2015.

Enquanto fica à espera da liberação para, enfim, atuar pelo Brasil, Slobodan Soro continua participando dos treinamentos da seleção comandada pelo técnico croata Ratko Rudic. E apesar de ainda não ter jogado oficialmente pelo seu novo país, Soro vai se adaptando cada vez mais ao país sul-americano, com gosto pela culinária local e falando português cada vez melhor.

– O Brasil é um lugar especial, um lugar que não é possível fazer comparações com a Europa, América ou Austrália. É uma coisa única, é muito distinto, é um país lindo. Eu me sinto muito bem aqui, tenho muitos amigos gosto de estar no Brasil, me sinto em casa.

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