Mulheres buscam Caravana da Transformação para realizar o sonho de enxergar

Redação PH

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Mulheres buscam Caravana da Transformação para realizar o sonho de enxergar

Às duas horas, madrugada de 08 de março, data que marca o Dia Internacional da Mulher, Natalina Leite da Costa saiu de Araputanga, percorreu cerca de 40 km em um ônibus, junto a 30 pessoas do município para receber atendimento na Caravana da Transformação, em São José dos Quatro Marcos (328 km a Oeste de Cuiabá). Aos 83 anos de idade, ela conta que não enxerga o suficiente para ler, só consegue reconhecer, com dificuldade, letras grandes. Natalina está entre as mulheres que foram até o evento em busca de um sonho: voltar a enxergar o mundo à sua volta.

Acompanhada das filhas Isaura e Ivone, Natalina conta que não era muito de ir ao médico, mas que agora entende a importância disso para a sua saúde. Mesmo mãe de 12 filhos, ela só teve a primeira consulta médica quando tinha mais de 40 anos.

Mas agora ela não quer perder tempo, procurou atendimento especializado de um oftalmologista pelo medo de ficar totalmente cega, já que não enxerga com o olho direito devido a um acidente na infância – aos seis anos de idade – e por conta da catarata no olho esquerdo.

“Eu tenho vontade de ler as coisas, mas não enxergo. Só vejo as letras grandes. Toda vez que eu vejo um livro da escola dos meninos eu abro e quero ver o que é, pode ser de leitura, de matemática. Os meninos passam lá em casa e deixam para eu ler, e eu não dou conta. Eu tenho uma neta que mora comigo, eu peço para ela ler, mas ela não tem tempo”, lamenta Natalina sobre as dificuldades que a falta de visão lhe impõem.

Ela não esconde a empolgação. Após uma manhã de exames e espera, saiu da Caravana com as cirurgias dela e de uma filha marcadas para esta sexta-feira (10.03). Ela aguardava há pelo menos cinco anos na fila do Sistema Único de Saúde (SUS) para realizar a cirurgia de catarata em Cuiabá. Agora, poderá ser atendida com rapidez, e em uma cidade perto de casa.

Natalina vai operar o olho esquerdo, já a filha Isaura, do olho direito. A filha também sofreu um acidente no olho direito há pouco mais de quatro anos, com aparatos de pesca que a deixaram quase sem visão no olho que vai ser operado.

Apesar de já ter se acostumado com a dificuldade para enxergar, Isaura quer muito recuperar a visão. Ela conta que nos primeiros três meses após o acidente, via sempre um vulto branco ao seu lado, resultado da lesão ocular, mas depois se habituou. A força e a perseverança para lidar com problemas como o dela, e da mãe, vem do fato de serem mulheres, comentou.

“Mulher é muito sofredora, mas muito forte. Hoje somos independentes, e é isso que importa. Eu sou muito feliz, porque eu pude trabalhar, aprendi muita coisa na vida, hoje temos mulher advogada, mulher doutora, pessoas que foram em frente”, relata Isaura. Ela define a mãe como uma batalhadora e guerreira, exemplo de mulher.

Já Ivone da Costa usa óculos e veio apenas para uma consulta de rotina porque seus óculos não são mais suficientes. Após o atendimento, ela recebeu uma nova receita e irá trocar as lentes. Aos 45 anos, é mãe, esposa e trabalha como caixa de um mercado em Araputanga.

Exemplo de otimismo

Faltava vinte pras seis da manhã, ao nascer do sol, quando Aparecida Maria Sicoti, uma simpática senhora de 74 anos, chegou ao local da Caravana em busca de atendimento. Ela trouxe o marido, a nora e o filho para acompanhá-la. A dádiva da sua vida é ser mãe dos quatro filhos e ser feliz no casamento, que começou 54 anos atrás.

E como ela mesma diz: todos os dias os filhos vão cedo para a casa da mãe para tomar o cafezinho feito por ela. Aparecida faz parte da maioria dos atendimentos da Caravana que no primeiro dia atendeu 882 pessoas, das quais 475 são mulheres, homenageadas neste 8 de março.

Aparecida é paulista e foi na década de 1980 que veio para Mato Grosso. Ela tem as mãos marcadas pelo trabalho de dona de casa e da roça, onde plantava e vendia algodão, amendoim e café. Ainda criança, com cinco anos de idade, a agora moradora de uma vila próxima a São José dos Quatro Marcos, teve uma complicação no olho direito e perdeu a visão.

Com o passar do tempo, parte da vista foi recuperada e, com o atendimento da Caravana, descobriu que está com um início de catarata, mas nada para se preocupar. Ela saiu da consulta com uma receita para aumentar o grau dos óculos e enxergar o mundo melhor. Agora ela acredita que vai fazer o crochê e as suas “costurinhas” com mais facilidade.

“Tudo bem comportado, bem arrumando, lindo mesmo, muito rápido, uma benção que Deus mandou. Tudo que eles estão fazendo é por uma boa causa”, disse sobre a Caravana da Transformação. Com satisfação, ela conta também que o marido, de 75 anos, vai fazer a cirurgia. “Ele quer voltar a dirigir”, comenta Aparecida.

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