Em geral, o ácido hialurônico é o escolhido por ser reabsorvido pelo organismo depois de um período de 6 a 12 meses. Os resultados são visíveis imediatamente, mas, apesar de toda a praticidade, existem riscos que precisam ser considerados. Um deles é uma possível reação alérgica, que é exatamente o que aconteceu com Basia Query, uma americana que viralizou nas redes após mostrar o resultado desastroso do procedimento.

Por meio de um vídeo, a jovem contou como o seu sonho se transformou em um pesadelo, terminando na emergência de um hospital. Mesmo não sendo a primeira vez que Basia fazia um preenchimento labial (ela afirmou que esta foi a terceira vez), anteriormente a profissional não havia usado um tipo de anestésico de uso tópico, a lidocaína, que causou a alergia.

De acordo com a dermatologista Fernanda Bombonatti, o próprio ácido hialurônico pode provocar uma alergia. “O importante é saber a procedência desse produto pois atualmente no mercado temos muitas marcas”, diz Fernanda.

No entanto, para a região dos lábios, somente o ácido hialurônico pode ser injetado. Fernanda diz que, por se tratar de uma mucosa, há uma tendência natural de surgirem edemas, que é o endurecimento de tecidos moles, mesmo sem haver uma alergia.

Barbara Carneiro Cerqueira, médica que integra a Associação Brasileira de Medicina Estética, explica que apesar de o caso da americana parecer extremo pelo enorme edema que se formou em seus lábios, poderia ter sido muito pior. Crises alérgicas podem levar ao choque anafilático, uma reação grave que pode matar.

“O médico precisa fazer uma anamnese. A gente tem que saber se o paciente é hipertenso, diabético. Antes de iniciar o procedimento a gente passa o [anestésico] tópico, porque a maioria dos ácidos já vem com lidocaína na composição, então não tem necessidade de fazer o injetável. Não é simples. Você vai aspirando e injetando porque pode haver um retorno sanguíneo. Depois do fim, é preciso reexaminar, para já identificar possíveis oclusões ou reações alérgicas”, diz Barbara.

Apesar de não ser possível descobrir de maneira prévia a presença de uma alergia ao anestésico, a médica diz que pessoas que já tiveram fraturas ou tomaram pontos em algum momento da vida provavelmente usaram algum tipo de pomada anestésica durante o tratamento. Assim, é possível obter uma pista sobre alergia aos componentes.

Além das alergias, o procedimento pode causar uma oclusão vascular, que pode ocasionar a cegueira. Isso acontece quando a artéria facial fica bloqueada e todas as regiões da face supridas por ela deixam de receber o suprimento de sangue adequado. Segundo Barbara, esse tipo de adversidade é mais comum em preenchimentos nasais, mas pode ocorrer a partir de cinco áreas diferentes, inclusive os lábios.

“O médico precisa estar atento para identificar um problema logo após ao procedimento, quando já é possível observar pequenos sinais de que algo não vai bem, como uma coloração mais pálida na boca, hematomas roxos e lesões nos arredores. Quanto mais rápida a ação, mais chances de salvar o paciente sem haver sequelas”, explica.