Etiópia muda 21 dos 30 ministros em meio à crise por protestos

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Etiópia muda 21 dos 30 ministros em meio à crise por protestos

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O governo da Etiópia anunciou a remodelação de grande parte de seu gabinete de ministros, entre os quais figurarão representantes da etnia oromo, a maior do país, em uma tentativa de pôr fim à onda de protestos que causou dezenas de mortes no país africano.

O primeiro-ministro etíope, Hailemariam Desalegn, apresentou ao Parlamento a reorganização do gabinete que afeta 21 de seus 30 ministros, alguns dos quais são rostos novos e não fazem parte do partido governante.

Entre os novos ministros, oito pertencem ao grupo étnico oromo, que leva meses protestando pelo que considera uma perseguição injustificada por parte das autoridades etíopes.

A região de Oromia, no centro do país, foi o epicentro dos protestos que explodiram no dia 2 de outubro, quando pelo menos 52 pessoas morreram pisoteadas em uma confusão provocada por uma intervenção policial durante um festival tradicional dos oromo, no qual aconteceram manifestações antigovernamentais.

Segundo o primeiro-ministro etíope, alguns dos novos ministros têm perfil tecnocrata e foram chamados para servir à nação, e não ao interesse do partido no poder, o Frente Democrática Revolucionária do Povo Etíope (EPRDF, sigla em inglês).

Entre os titulares que perderam suas pastas estão, por exemplo, o de Comunicações e porta-voz governamental, Getachew Reda; o de Relações Exteriores, Tedros Adhanom; e o de Juventude e Esportes, Redwan Hussein.

Desde que os protestos começaram, as autoridades etíopes prometeram uma mudança de governabilidade e democratização. Por isso, com esta remodelação aprovada pelo Parlamento, o governo pretende solucionar a crise política sem precedentes.

Apesar de a violência ter aumentado nas últimas semanas, as manifestações começaram em novembro de 2015, quando os oromo passaram a exigir mais autonomia, maior presença nas instituições políticas etíopes e maior redistribuição da riqueza.

Os oromo também pedem respeito a sua identidade, já que experimentaram uma marginalização e perseguição sistemática por parte das forças governamentais, que utilizaram força em excesso contra seus protestos pacíficos.

A Anistia Internacional (AI) e outras organizações internacionais denunciaram em várias ocasiões que o governo etíope detém de forma periódica intelectuais e figuras proeminentes entre os oromo porque teme que sua influência política possa encorajar a população a se rebelar contra o Executivo central.

O autoritário regime etíope enfrenta agora um movimento de contestação antigovernamental sem precedentes nos últimos anos que, além da etnia oromo, reúne também os amara, o segundo grupo majoritário, que também se consideram marginalizados pelo governo de Desalegn.

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