Estética no Paciente Oncológico

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Dra. Manoela Regina Alves Corrêa Barros

Estética no Paciente Oncológico

Quem disse que o paciente oncológico NÃO pode realizar procedimentos para melhorar sua autoestima?! O trabalho na área da Oncologia não visa apenas o tratamento e cura, mas também o bem-estar e qualidade de vida.

Os efeitos do tratamento radioterápico variam muito, dependendo da região irradiada. Quando realizamos radioterapia em região pélvica, por exemplo, o paciente pode apresentar diarreia, cólica, dor local, hiperpigmentação da pele e no caso das mulheres, atrofia vaginal e estenose vaginal (que ocorre quando a vagina vai “fechando” e fica mais “apertada”). Nesses casos, o bem-estar e cuidados já se iniciam durante o tratamento, e eles são fundamentais!

Oriento aos pacientes que não existe uma contraindicação absoluta e sim uma reeducação alimentar durante o tratamento, como evitar leite e derivados, diminuir ingesta de alimentos crus ou muito condimentados e industrializados, dessa forma a retenção de gases e cólica abdominal diminui proporcionando uma boa tolerância ao tratamento.

Em relação à estética, a região pélvica pode ficar escurecida, o que pode ocasionar um incômodo temporário que pode durar de 3 meses a 1 ano. Nesse período, a aplicação de ácidos ou preenchimentos na estética vaginal são contraindicados, devendo obedecer ao período de recuperação local. Porém nada impede a hidratação com bons cremes, compressas geladas que aliviam o calor e auxiliam no clareamento natural.

Em relação à estenose vaginal, a orientação é manter relação sexual normal e utilizar lubrificantes à base de água e/ou hidratantes vaginais que melhoram a sensação de ressecamento vaginal. Nas pacientes que podem realizar reposição hormonal, essa deverá ser realizada sob orientação do Ginecologista e Oncologista.

Atualmente existe uma tendência a realizar laser de CO2 vaginal pós-radioterapia para “melhora” dos sintomas vaginais. É importante lembrar que o procedimento está sendo realizado ainda de forma experimental com base nas pacientes pós-menopausa (que possui indicação científica) e NÃO nas pacientes pós-radioterapia. Dessa forma devemos ter cautela e avaliar caso a caso sempre com a orientação do Ginecologista e do Radio-Oncologista.

Outra prática comum das brasileiras, o banho de sol para deixar as marquinhas sempre em dia, são contraindicadas no período de recuperação, uma vez que a radiação solar potencializa a hipercromia da pele a deixando com aspecto escuro definitivo.

Então, o que fazer para prevenir os efeitos indesejáveis do tratamento? Hidratação oral (tomar água, água de coco, sucos e isotônicos), hidratação local com cremes hidratantes, realizar, sempre que possível, atividade física e os procedimentos estéticos podem ser realizados antes do tratamento ou após, sempre respeitando o tempo de recuperação local.

Dra. Manoela Regina Alves Corrêa Barros é Radio-Oncologista formada no Instituto Nacional de Câncer (Inca) e especialista em Estética Paliativa.

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