Dilma começou na vida política aos 16 anos e enfrentou escândalos

Redação PH

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Dilma começou na vida política aos 16 anos e enfrentou escândalos

Dilma Rousseff entrou para governo Lula em 2003, como ministra de Minas e Energia. Ela já tinha experiência: nos anos 1990, havia sido secretária na mesma área no Rio Grande do Sul, onde fez carreira.

Seu interesse pela política começou bem antes, aos 16 anos, quando entrou para a luta armada na ditadura militar. Dilma foi presa e torturada. No final da década de 1970, ajudou a fundar o PDT, de Leonel Brizola.

Dilma foi para o PT apenas em 2001. Quatro anos depois, com a queda de José Dirceu, passou a chefiar a Casa Civil e se tornou a ministra mais importante do governo Lula.

Foi a gerente do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e coordenou o programa “Minha Casa, Minha Vida”. Também passou a acompanhar Lula nas viagens pelo Brasil – um modo de torná-la mais conhecida.

Nessa época, teve diagnosticado um câncer no sistema linfático. Sobre a doença, declarou em 25 de abril de 2009, em um hospital de São Paulo: “Eu vou ter um processo de superação dessa doença. Aliás, nós, brasileiros, temos esse hábito de sermos capazes de enfrentar obstáculos, de transpô-los e de sair inteiros do lado de lá”.

Dilma passou por tratamento, e em junho de 2010 o PT oficializou a candidatura. Sem nunca ter disputado uma eleição, Dilma concorreu à presidência, sempre ao lado do seu principal cabo eleitoral: o então presidente Lula.

O pior momento da campanha foram as denúncias de tráfico de influência contra sua ex-chefe de gabinete, Erenice Guerra. Braço direito de Dilma, Erenice assumiu a Casa Civil quando Dilma saiu candidata à Presidência.

Erenice acabou afastada, acusada de permitir que seus filhos intermediassem liberação de empréstimos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e contratos do governo com empresas em troca de propina.

Dilma superou tudo isso e foi eleita a primeira mulher presidente do Brasil no segundo turno, contra o tucano José Serra. Assumiu em 2011 falando em faxina contra a corrupção e chegou a demitir ministros. Em meio a medidas populistas, como a redução do preço da energia, a aprovação do governo de Dilma chegou a 79%.

Mas, em março de 2014, poucos meses antes da campanha para reeleição, uma operação
policial provocou uma revolução no mundo político. A Lava Jato revelou o maior esquema de corrupção da história do país envolvendo empresários e políticos de vários partidos do governo.

As delações premiadas de empreiteiros, políticos e executivos da Petrobras revelaram o esquema de pagamento de propina para financiar as campanhas de Dilma de 2010 e 2014. Ela e o partido sempre negaram tudo.

A presidente não foi acusada diretamente, e não há nenhuma investigação aberta contra ela. Mas o centro do escândalo foi a Petrobras, área de influência de Dilma quando era ministra de Minas e Energia e da Casa Civil.

Para os governistas, Dilma estava acima de qualquer suspeita. Em 3 de março de 2013, o deputado Henrique Fontana (PT-RS) afirmou: “A presidente Dilma é o símbolo de honestidade e honradez, ocorreram casos graves de corrupção durante o nosso governo? Não há dúvida”.

No primeiro mandato de Dilma, a economia mundial vivia uma em crise. E o Brasil sentia os efeitos. Dilma achou que a solução era apostar nos gastos do governo e das famílias. Acabou reeleita em 2014 na disputa com Aécio Neves, do PSDB. Levou os velhos problemas para o novo governo.

Na época, declarou: “Posso te dizer eu acho que a Dilma de agora é uma Dilma mais experiente”.

Logo que assumiu, teve de reconhecer os problemas que, na campanha, tinha negado. E foi acusada pelos adversários de estelionato eleitoral. Sem vocação para negociar com o Congresso, Dilma foi boicotada pelo próprio partido, que sabotava o então ministro da Fazenda, Joaquim Levy. O ajuste nas contas nunca saiu do papel.

A popularidade de Dilma despencou. No auge da crise, o líder do PT no Senado, Delcídio do Amaral, foi preso, acusado de obstruir a Justiça ao tentar comprar o silêncio do ex-diretor da Petrobras, Nestor Cerveró.

Delcídio do Amaral fez delação premiada. Detalhou esquemas de corrupção para as campanhas de Dilma e acusou a presidente de nomear Marcelo Navarro Ribeiro Dantas para ministro do Superior Tribunal de Justiça para tentar libertar presos da Lava Jato. “O principal era o impacto da soltura dessas pessoas, porque eram pessoas importantes no cenário político e no cenário empresarial”, afirmou Delcídio.

“As denúncias feitas pelo senador Delcídio do Amaral são absolutamente levianas, e sobretudo mentirosas", afirmou Dilma.

No começo do mês, a procuradoria geral da República pediu ao Supremo Tribunal Federal para abrir inquérito contra a presidente Dilma Rousseff e também contra o ex-presidente Lula e o Advogado-Geral da União, José Eduardo Cardozo, por obstrução à Justiça, por tentativa de atrapalhar a Lava Jato. O relator no Supremo – o ministro Teori Zavascki – ainda não decidiu o que vai fazer.

No pedido de investigação, a Procuradoria também cita uma conversa entre Dilma e Lula. Ela dizia que estava mandando o termo de posse de Lula como ministro da Casa Civil para que ele usasse em caso de necessidade.

Segundo a procuradoria, foi uma manobra para dar foro privilegiado a Lula e retirar as investigações contra ele das mãos do juiz Sérgio Moro.

Leia, a seguir, a conversa de Lula e Dilma

DILMA: Alô.
LULA: Alô.
DILMA: Lula, deixa eu te falar uma coisa.
LULA: Fala querida. "Ahn".
DILMA: Seguinte, eu tô mandando o "Bessias" junto com o papel pra gente ter ele, e só usa em caso de necessidade, que é o termo de posse, tá?!
LULA: "Uhum". Tá bom, tá bom.
DILMA: Só isso, você espera aí que ele tá indo aí.
LULA: Tá bom, eu tô aqui, eu fico aguardando.
DILMA: Tá?!
LULA: Tá bom.
DILMA: Tchau.
LULA: Tchau, querida.

Lula chegou a tomar posse, mas não valeu. E, desde então, o assunto espera decisão do Supremo.

Nos últimos dias, Dilma vinha cumprindo uma agenda intensa. Assinou prorrogação do programa Mais Médicos, aumentou o valor do Bolsa Família e liberou recursos para o Minha Casa, Minha Vida, criou cinco universidades, inaugurou aeroporto e fez dezenas de discursos dentro e fora do Palácio do Planalto dizendo que não vai deixar de lutar.

“Eu vou lutar com todas as minhas forças, usando todos os meios disponíveis, meios legais, meios de luta. Para mim, o último dia previsto no meu mandato é o dia 31 de dezembro de 2018”, afirmou.

Dilma anuncia tratamento contra um câncer no sistema linfático, em 2009 (Foto: Reprodução/TV Globo)

PT anuncia candidatura de Dilma à Presidência, em 2010 (Foto: Reprodução/TV Globo)

Dilma recebe faixa de Lula durante posse, em janeiro de 2011 (Foto: Reprodução/TV Globo)

Dilma durante discurso na última terça-feira, 10 de maio (Foto: Reprodução/TV Globo)

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