Tunísia: governo assume com desafios econômicos e de segurança pela frente

Redação PH

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Tunísia: governo assume com desafios econômicos e de segurança pela frente

Por Guillaume KLEIN et Kaouther LARBI

O primeiro-ministro tunisiano, Habib Essid, remodelou seu governo para enfrentar os desafios econômicos e de segurança do país, afetado em 2015 por vários ataques do grupo Estado Islâmico (EI).

Esse reajuste, o primeiro desde a chegada de Beji Caid Essebsi ao poder no final de 2014, foi decidido após um ano extremamente delicado para a Tunísia, país pioneiro na chamada "Primavera árabe", que explodiu há cinco anos e se espalhou pela região.

O ano de 2015 foi marcado por três grandes atentados, reivindicados pelo EI. Dois deles – um, contra o Museu do Bardo; o segundo, contra um hotel de Sussa – deixaram 60 mortos e abalaram fortemente o setor turístico.

Além disso, o governo anterior era alvo de críticas pela falta de resultados em matéria econômica – com um crescimento abaixo de 1% em 2015 – e de segurança.

O ano "2015 (…) foi um ano difícil", reconheceu o presidente Essebsi, em seu discurso de Ano Novo, mas "nosso Estado continua de pé, o governo cumpre seu dever e estamos avançando", acrescentou.

'Nova equipe, sem novidades'

Anunciado com um simples comunicado, o reajuste inclui mudanças nos principais Ministérios, entre eles o do Interior e o das Relações Exteriores.

Hedi Majdub sucede a Najem Gharsalli no Interior, uma pasta que concentra a atenção de um país em estado de emergência, na qual já ocupou diversas funções entre 2011 e início de 2015.

Na Chancelaria, Jemaies Jhinaui, um diplomata que foi secretário de Estado pouco depois da Revolução, substitui Taieb Baccuche.

A imprensa local se mostra cética, porém, em relação às mudanças.

"Nova equipe… sem novidades", dizia a manchete da edição desta quinta do "Echoruk", um jornal em árabe.

"O novo governo é apenas o anterior disfarçado", avaliava o jornal.

'Última cartada'

Entre os ministros que foram mantidos, está o único representante do partido islamita Ennahda, Zied Laadhari, à frente do Ministério da Formação Profissional e do Emprego.

"A reforma é a última cartada de Habib Essid. Se a nova equipe fracassar, será o fim de sua carreira política", disse à AFP o cientista político Salaheddin Jurchi.

As 14 Secretarias de Estado existentes foram suprimidas.

O primeiro governo Essid saiu das eleições legislativas e presidencial realizadas em 2014 e vencidas pelo partido anti-islamita Nidaa Tunes e seu chefe, Beji Caid Essebsi.

O Nidaa Tunes havia se aliado com o Ennahda, movimento enfraquecido depois de ganhar as primeiras eleições, após a "revolução" no final de 2011.

Em uma entrevista recente à AFP, o ex-presidente Moncef Marzuki, que perdeu para Beji Caid Essebsi em 2014, descrevia uma situação "catastrófica".

Marzuki acaba de lançar um novo partido e disse considerar o Nidaa Tunes "sem futuro".

Fundado em 2012 pelo atual chefe de Estado, esse movimento está à beira da implosão, devido à rivalidade exacerbada entre o filho de Caid Essebsi, Hafedh, e outra lidernaça partidária, Mohsen Marzuk.

"Nesse reajuste, todos os que são próximos de Marzuk foram descartados", observou Salaheddine Jurchi.

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