A tenente da Polícia Militar de Mato Grosso Irque Figueira da Silva, de 31 anos, descobriu que tinha um nódulo no seu seio esquerdo em 2016, enquanto amamentava o seu filho de seis meses. Um ano depois, em 2017, veio o diagnóstico: ela estava com câncer de mama.
A partir deste momento, ela decidiu vencer o tumor. Seguiu a risca o tratamento e continuou trabalhando normalmente no Quartel Geral da Polícia Militar. Aceitou as etapas da quimioterapia, respeitou os limites do próprio corpo e firmou um pacto diário: iria superar um dia de cada vez, sem desanimar, vestindo sua farda para trabalhar todos os dias.
A policial lembra que poucas pessoas perceberam que ela enfrentava um inimigo silencioso. As que percebiam agiam com certo desconcerto diante da situação. “O problema maior que enfrentei foi a perda dos cabelos. Quando eu saia na rua olhavam para mim como se eu tivesse uma doença contagiosa. Algumas pessoas não sabiam lidar com a situação, falavam que meu cabelo ia cair, sentiam pena”.
De acordo com ela, é preciso ser forte para superar a doença. A auto-estima é afetada durante o processo e a quimioterapia é muito dolorosa.
“Já não pensava muito no que os outros acham. Eu queria viver. Usava boina, peruca e as pessoas nem viam, as vezes não percebiam. No início não falei nada para ninguém, só contei quando marquei a cirurgia para retirar o tumor. Comuniquei meu afastamento médico aos meus superiores e precisei ficar 30 dias me recuperando”.
Mãe de dois filhos, a PM diz que manter a força diante do câncer foi a maior missão enfrentada desde que passou a vestir a farda. “Eu trabalhava na Coordenadoria de Policia Comunitária e Direitos Humanos no QCG. Eu não saia para eventos, evitava andar muito. Mas todo o dia estava aqui. Muita gente chegava e falava para eu aposentar; tinha esse direito, mas nunca pensei nisso. Decidi ser alto astral, olhava para meus filhos e me fortalecia, sabia que eu vencer tudo isso. Eu recebi muito apoio dos meus superiores e colegas de trabalho. Cheguei fazer o Curso de Habilitação de Oficial Administrativo (Choa), fiquei em segundo lugar na capacitação, eu nunca desisti”, ressalta a policial.
Há mais de um ano sem o tumor, tenente Irque explica que o diagnóstico precoce foi essencial para vencer a doença. “Prevenção é tudo, o câncer tem cura. Depois de tudo que passei não gosta de me vitimizar. Hoje me sinto uma vencedora, como mulher, mãe e policial. Sou uma pessoa bem melhor, descobri os verdadeiros amigos, a importância de cada dia de vida. Como policial eu sei que eu posso tudo. Fiquei ainda mais forte!”, diz emocionada a militar.
Doação para o “Pelotão da Solidariedade da PM”
Sensibilizada pela Campanha da Polícia Militar “2º Pelotão da Solidariedade”, a tenente Irque fez a doação da peruca que utilizou durante o tratamento contra o câncer de mama. A entrega do acessório foi prestigiada pelo comandante-geral da PM, coronel Jonildo José de Assis que reconheceu o gesto nobre da militar.
“Você é um exemplo de superação para todos nós tenente Irque. A sua doação vai ajudar ainda mais mulheres que passam por esse momento tão delicado da vida”, ressalta coronel Assis.
Ela explica que a campanha ajuda a levantar a auto-estima das pacientes que sofrem com a perda do cabelo durante o tratamento quimioterápico. A campanha arrecada mechas de cabelo, acessórios e perucas que serão doadas para pacientes do Hospital do Câncer de Mato Grosso.
“Uma peruca é cara. Essa minha feita com meu próprio cabelo custou R$ 2 mil, imagina uma pessoa que está passando por essa situação e não tem condições de comprar uma peruca, um acessório para se sentir melhor neste periodo tão delicado. Essa campanha é muito importante, só quem perde o cabelo sabe a importância de ter um acessório desse”, explica a tenente. 
A policial Militar fazendo a entrega da peruca que usou durante o tratamento de saúde no Comando – Geral da PM.
