Primeiros bombardeios britânicos na Síria após autorização do Parlamento

Redação PH

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Primeiros bombardeios britânicos na Síria após autorização do Parlamento

Os aviões da Royal Air Force (RAF) britânica realizaram nesta quinta-feira seus primeiros bombardeios contra campos petrolíferos do Estado Islâmico (EI) na Síria, horas depois de receberem autorização do Parlamento para entrar em guerra.

Aviões Tornado da RAF "realizaram a primeira operação ofensiva no céu da Síria", anunciou o ministério britânico da Defesa, e tudo indica "que os ataques tiveram êxito".

Os aviões usaram "bombas guiadas Paveway IV para realizar ataques contra seis alvos no extenso campo petrolífero de Omar, 35 milhas (56 quilômetros) dentro da Síria em sua fronteira leste, com o Iraque", informou o ministério.

Segundo as autoridades britânicas, a principal fonte de renda do EI procede dos campos petrolíferos em seu território, sobretudo no leste da Síria.

"Os alvos foram elementos da infraestrutura do campo petrolífero cuidadosamente selecionados, garantindo que terão um impacto significativo na capacidade do Daesh (acrônimo árabe do EI) de extrair petróleo para financiar seu terrorismo", concluiu o ministério.

Londres se soma, assim, a Estados Unidos, França e Rússia, e a outros países que atacam o Estado Islâmico há meses.

O governo britânico apresentou sua decisão de participar da coalizão como uma resposta ao pedido francês de ajuda após os atentados de 13 de novembro em Paris, que deixaram 130 mortos, e pela necessidade de enfraquecer o Estado Islâmico antes de um eventual ataque contra o Reino Unido.

Mais de dez horas de debate tenso

Os ataques ocorreram apenas algumas horas após o Parlamento autorizar os bombardeios na Síria por 397 votos a favor e 223 contra depois de mais de dez horas de debate.

A aviação britânica já estava bombardeando posições do EI no Iraque, o que explica a rapidez com a qual entrou em ação.

"Acredito que a Câmara (dos Comuns) tomou a decisão correta para manter o Reino Unido seguro", escreveu Cameron no Twitter.

O ministro das Relações Exteriores do governo conservador, Philip Hammond, disse que o "Reino Unido está mais seguro esta noite com a decisão que o Parlamento tomou".

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, também comemorou: "Desde o início da campanha contra o EI, o Reino Unido foi um de nossos sócios mais valiosos no combate", disse Obama em um comunicado, no qual ressaltou que espera ansioso que as forças aéreas britânicas se unam às operações na Síria.

Muitos deputados usaram sua vez de falar para exigir revoltados que Cameron se desculpasse por ter chamado de "simpatizantes terroristas" os que se opõem a sua iniciativa, em uma reunião com colegas conservadores na terça-feira.

Estas palavras "degradam o cargo de primeiro-ministro e minam a seriedade das deliberações", respondeu o líder da oposição, o trabalhista Jeremy Corbyn, que deu liberdade de voto a sua bancada.

Corbyn lamentou o resultado da votação, que rompeu inclusive as fileiras dos conservadores e dos trabalhistas, com muitos deputados votando contra seus líderes.

"Os soldados britânicos estarão agora em perigo e a perda de vidas inocentes é tristemente inevitável", lamentou Corbyn.

A permissão do Parlamento acontece dois anos e meio depois da rejeição a participar de uma ação militar contra o presidente sírio, Bashar Al-Assad, por usar armas químicas contra a população de seu país.

As dúvidas criadas pelas guerras do Iraque e do Afeganistão, das quais o Reino Unido participou a pedido do então premiê Tony Blair, pesaram no debate.

"O fantasma do Iraque, do Afeganistão e da Líbia paira sobre esse debate", disse Corbyn.

"Isso não é 2003. Não podemos usar erros passados para justificar a indiferença, ou a passividade", rebateu Cameron.

As duas guerras custaram a vida de mais de 600 soldados britânicos e alguns acreditam que provocaram os atentados de 2005 em Londres. Como o então prefeito da capital britânica, Ken Livingstone, que na semana passada acusou Blair: "Se não tivéssemos invadido o Iraque, aqueles quatro homens não teriam matado 52 londrinos, sabemos disso".

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