Idosos se conhecem em abrigo e namoram à moda antiga em MT

Redação PH

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Idosos se conhecem em abrigo e namoram à moda antiga em MT

A psicóloga Elizabeth Peixoto Oliveira, de 63 anos, e o caminhoneiro Pedro Muller, de 68, atualmente aposentados, decidiram recomeçar a vida amorosa na velhice. Os dois se conheceram no Abrigo Bom Jesus, em Cuiabá, onde vivem, e após algumas trocas de olhares e cantadas começaram a namorar.

"Assim que ela chegou no abrigo, comeceu a observá-la e a achei bonita", contou Pedro, ao contar que ele manifestou interesse em se relacionar com Elizabeth. Ele já vivia no abrigo quando ela chegou no ano passado.

Logo que Elizabeth chegou em abrigo, Pedro se interessou em se relacionar com ela (Foto: Carlos Palmeira/ G1)

O casal diz que segue o modelo antigo de namoro e que não tem pressa, se referindo à manter relação sexual. "A gente já tem mais idade, então a gente precisa ter mais calma, fazer as coisas mais devagar", disse Pedro, que é separado e tem quatro filhos.

Eles se conheceram há cerca de um ano na instituição e tem aproximadamente quatro meses que passaram a namorar. Juntos, desempenham várias atividades juntos no abrigo, entre elas regar plantas, servir o almoço e auxiliar os outros idosos.

Elizabeth, que já foi casada, mas não tem filhos, conta que gosta de cuidar do jardim. “Adoro cuidar das plantas e sempre chamo o jardim de meu. Fico muito preocupada quando ele não está do jeito que eu gosto”, afirma. Já o namorado faz a limpeza do quintal e ajuda na cozinha. “Faço o que for necessário. Limpo o quintal se estiver sujo, sirvo o almoço caso necessário e assim vai”, diz.

Natural de Minas Gerais, Elizabeth já morou em Brasília e está em Mato Grossohá quase um ano. Ela já foi professora, secretária executiva e cursou psicologia. “Entender a mente humana sempre foi uma vontade minha. Saber por que as pessoas têm determinadas reações a determinados acontecimentos sempre aguçou minha curiosidade”, revela.

Para ela, uma das mais importantes atividades que uma pessoa deve desempenhar é a leitura. “Faço questão de me manter lendo. A gente precisa de um alicerce no mundo. E a leitura é uma das poucas coisas que te proporciona isso”, explica. Entre suas obras favoritas ela lista ‘O profeta’, do autor Khalil Gibran, e o ‘Pequeno Príncipe’, de Antoine de Saint-Exupéry.

Gaúcho de Carazinho (RS), Pedro vive em Mato Grosso há mais de 40 anos. “Cheguei aqui como motorista de caminhão. Quando vim até o estado, além de Mato Grosso ser um só, era só mato mesmo”, brinca. Pedro conta que tem boas lembranças da época apesar da vida dura. “Financeiramente nós íamos evoluindo. Não à toa a colônia gaúcha veio em peso para cá na época. Eu fui um deles”, disse.

Sobre suas atividades preferidas ele conta que gosta de assistir televisão. “Adoro passar algumas horas em frente à televisão. Assisto, principalmente, notícias e futebol”, afirma. Pedro, que relata ser palmeirense e colorado, afirma que o esporte é um assunto recorrente no abrigo. “A gente sempre conversa sobre futebol. Alguns aqui, inclusive, ficam até trancados no quarto quando o time deles perde”.

A presidente do abrigo Ana Maria Bezerra afirma que, apesar da boa condução do relacionamento do casal, tudo precisa caminhar sem pressa. “Os dois têm uma vida lá fora, ainda. E, além de alguns problemas de saúde que os dois têm, o andamento do namoro precisa ser acompanhado de perto por vários profissionais como psicólogos e educadores, para que eles não sofram desnessariamente”, explica.

Para a presidente do abrigo, a história dos dois ensina uma coisa. “O amor cura as pessoas”, afirma. A presidente do abrigo explica que além da felicidade dos dois, que ficou mais transparente, mudanças comportamentais vieram junto.

A união deles melhorou o ambiente e o convívio deles com as pessoas, segundo a presidente. “Ela [Elizabeth] começou a se arrumar mais e a tratar melhor os funcionários. Ele [Pedro] passou a ser mais amistoso e começou a ficar mais na instituição, pois gostava de sair”, explica.

De acordo com a presidente, eles tinha problemas de relacionamento. “O amor cura as pessoas. Na situação de abandono que eles passaram, a única coisa que os fizeram sorrir mais para a vida foi a paixão”, explica.

A Fundação Abrigo Bom Jesus foi fundada em fevereiro de 1940 e atende, atualmente, 104 idosos. A instituição acolhe idosos da capital e de cidades do interior do estado. Segundo a presidente Ana Maria Tereza, o abrigo sobrevive a partir de doações de pessoas físicas, parcerias com empresas e com um auxílio governamental.

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