Exercício físico na gestação: Uma combinação maravilhosa!

Dr. João Lombardi

Dr. João Lombardi

Exercício físico na gestação: Uma combinação maravilhosa!

O exercício durante a gestação é um assunto que sempre traz dúvidas e desafios, por diversos motivos como medo de fazer mal ao bebê, falta de suporte, falta de tempo e até mesmo falta de conhecimento pelos profissionais da área da saúde.  Porém, o que diz a ciência é que o treinamento durante a gravidez não só é seguro como desejável.

O primeiro passo é passar por uma consulta obstétrica para que seja afastada todas as contraindicações relativas e absolutas, que são raras, para ser fisicamente ativa durante a gestação, isto é, para quase todas as gestantes o treino deve ser indicado. Não há descrições do exercício causar malefícios em uma gestação não complicada, pelo contrário, os benefícios de se manter ativa durante a gestação são inúmeros, como maior chance de parto vaginal, diminuição de prematuridade, partos menos prolongados, diminuição de diabetes gestacional, diminuição da hipertensão relacionada a gestação, controle do ganho de peso, entre muitos outros benefícios.

Devido a mudanças anatômicas e fisiológicas que acontecem durante a gestação no corpo da mãe, automaticamente adaptações no treino vão sendo realizadas à medida que evolui a gestação, como mudança do centro de gravidade, aumento da frequência cardíaca e relaxamento dos ligamentos articulares. Cuidados como queda ou trauma abdominal principalmente em esportes de contato, devem ser estabelecidos e levados em consideração a todo instante. Sinais de alarme como sangramento vaginal, perda de líquido amniótico, contrações repetitivas, dor abdominal ou qualquer mal-estar devem fazer com que a sessão de exercício seja cessada.

As recomendações de intensidade, duração e frequência variam na ciência, mas se estabelece pelo menos 150 minutos semanais de treino, pelo menos 3 vezes na semana, variando entre exercícios aeróbicos e exercícios de força. Para as grávidas que não treinavam antes da gestação, a própria gestação é um excelente período para iniciar a prática de exercícios, pois a gravidez provavelmente é o período em que a mulher é mais monitorada em termos médicos na vida. Para as que já treinavam, mantém-se a rotina de treinos com as adaptações relacionadas às mudanças durante o período gestacional. Não é prudente objetivar performance e rendimento durante a gestação, sendo o objetivo sempre a saúde. É indicado o treinamento físico com um profissional de educação física com experiência com gestantes, se possível.

Não há comprovações de que restringir o exercício durante a gestação diminuiu as taxas de aborto, crescimento intrauterino restrito, aumento de prematuridade ou quaisquer outras complicações na ausência de uma contraindicação, portanto, os benefícios superam os riscos. Já o sedentarismo e inatividade física sim, trazem diversos problemas e complicações à saúde, não sendo diferente para o período gestacional.

Por fim, o período pós-parto, chamado de puerpério, o retorno aos treinos depende da via de parto, sendo mais rápida e tranquila o parto vaginal, e para o parto cesariano, um período de aproximadamente 42 dias, podendo ser mais a depender de caso a caso. A recomendação de retirar leite antes de se exercitar ajuda em possíveis desconfortos em relação às mamas durante o treino ou ejeção de leite indesejada. A ciência já comprovou que o treinamento físico não altera a qualidade do leite materno!

Umas das melhores atitudes e benefícios que a mãe gestante pode fazer em termos de saúde e bem estar para ela e para o bebe é ter uma vida fisicamente ativa durante a gravidez!

Dr. João Lombardi é médico do exercício e do esporte pela Unifesp, Pós em fisiologia do exercício e metabolismo pela USP de Ribeirão Preto, mestrando pela UFMT,  diretor do Instituto Lombardi, médico do Brasil nas Paralimpíadas de Tóquio, médico assistente do Comitê Paralímpico Brasileiro.

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