O julgamento contra um policial americano acusado de matar um jovem negro em uma viatura policial em Baltimore (leste) foi anulado nesta quarta-feira, porque o júri não conseguiu chegar a um acordo sobre o veredicto.
Anular um julgamento é um acontecimento raro no procedimento penal americano, afirmou o juiz Barry Williams, que preside a audiência.
"É um júri bloqueado", disse o juiz.
"Declaro a nulidade do julgamento", completou.
William Porter, que é negro, era o primeiro de seis policiais a ser julgado em Baltimore no "caso Freddie Gray". Essa morte se soma a várias situações parecidas de brutalidade policial contra negros nos Estados Unidos desde 2014.
Agora, são os procuradores que têm o poder de decidir se Porter voltará a julgamento com outro júri mais adiante.
"Acho que haverá outro julgamento", disse à AFP a professora de Direito Amy Dillard, destacando as acusações sólidas que pesam sobre o policial.
Porter se declarou inocente das acusações de homicídio culposo, violência e de colocar a vida de terceiros em perigo.
Gray, de 25 anos, ficou gravemente ferido na coluna, em 12 de abril, quando era transferido, com pés e mãos atados, em uma caminhonete da Polícia de Baltimore. Faleceu uma semana depois de sua detenção.
Essa detenção foi qualificada como "homicídio" pelo procurador do estado de Maryland. A morte do jovem deflagrou uma onda de manifestações, às vezes violentas, denunciando o racismo e a brutalidade policial.
A decisão do júri era esperada por todos em Baltimore desde que, na segunda-feira, os 12 juízes – cinco homens e sete mulheres – começaram suas deliberações.