Estudo da USP aponta que bactérias do intestino provocam diabetes tipo 1

Redação PH

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Estudo da USP aponta que bactérias do intestino provocam diabetes tipo 1

Pesquisadores da Faculdade de Medicina da USP em Ribeirão Preto (SP) descobriram que bactérias da flora intestinal podem ser responsáveis pelo desenvolvimento do diabetes tipo 1 em pessoas com predisposição à doença.

Ainda em fase de testes em animais, o estudo leva esperança aos pacientes, uma vez que a doença autoimune não tem cura e o único tratamento disponível é o uso diário de insulina, hormônio responsável pelo controle de açúcar no sangue.

O pesquisador Frederico Campos Costa explica estudos anteriores já haviam identificado que pessoas com predisposição genética para diabetes possuem a flora intestinal alterada. Entretanto, ainda não havia sido comprovada a relação entre essa alteração e a doença.

Costa diz que o ser humano tem entre 30 e 40 trilhões de bactérias no organismo, sendo a maioria no intestino. Ocorre que nesses indivíduos, algumas delas conseguem escapar da barreira intestinal e se instalam nos linfonodos pancreáticos, estrutura ao redor do pâncreas.

“Ali, elas vão ser reconhecidas pelo sistema de defesa e isso vai gerar uma inflamação local. Então, o nosso grupo acredita que essa inflamação possa contribuir para o desenvolvimento da doença em indivíduos que possuem pré-disposição genética para o diabetes”, diz.

Costa afirma que, para comprovar a tese, alguns camundongos receberam um coquetel de antibióticos, cujo objetivo era exterminar o máximo de bactérias possível do intestino. Posteriormente, esses animais não desenvolveram o diabetes tipo 1.

“Não estamos propondo nenhuma terapia no momento, não queremos que ninguém vá se tratar com antibióticos. São estudos iniciais que ainda precisam ser validados em humanos e, a partir daí, a gente busca novos alvos terapêuticos”, detalha.

A pesquisa foi publicada pela revista científica norte-americana “The Journal of Experimental Medicine” e a próxima etapa, segundo o pesquisador, é identificar quais bactérias conseguem romper a barreira do intestino e se instalar no pâncreas.

Para o endocrinologista Carlos Eduardo Barra Couri, o estudo é um passo importante na busca da prevenção do diabetes tipo 1. Isso porque, apesar de exames já identificarem quais pessoas têm predisposição à doença, a medicina ainda sabe pouco sobre os fatores que desencadeiam o problema.

“Essa é uma ferramenta a mais, junto com outras pesquisas que existem, e que vão nos ajudar a tentar descobrir uma maneira de bloquear o desenvolvimento da doença, antes mesmo de ela começar. A cura começa na prevenção. A melhor coisa na medicina é a prevenção”, diz.

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