Energia eólica no Brasil pode crescer mais de dez vezes até 2050

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Energia eólica no Brasil pode crescer mais de dez vezes até 2050

O Plano Nacional de Energia 2050 estima que os parques de energia eólica podem atingir entre 110 GW e 195 GW de capacidade em operação nas próximas décadas.

A energia eólica é a segunda fonte de matriz elétrica brasileira, atrás apenas da hidrelétrica, de acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). A capacidade instalada é de 16 GW, segundo dados divulgados em junho de 2020 pela Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica).

O aproveitamento do vento como energia mecânica útil foi possível através do avanço tecnológico e incentivado por ser uma energia limpa, renovável e que não emite gases que causam o efeito estufa.

Conforme a Agência Internacional de Energia Renovável (Irena), se os sistemas eólicos e fotovoltaicos substituíssem 500 GW em carvão ajudariam a reduzir os custos do sistema de energia em até US$ 23 bilhões por ano. A queda anual global nas emissões de gás carbônico seria de cerca de 1,8 gigatons (Gt), equivalente a 5% do total de emissões em 2019.

Para obter energia, é necessário fazer a conversão da energia cinética nas massas de ar em movimento em eólica em energia cinética de rotação. As turbinas eólicas, chamadas aerogeradores, geram eletricidade, especialmente se estiverem em grandes parques; cata-ventos e moinhos realizam trabalhos mecânicos como bombeamento d’água.

Potencial eólico no Brasil

O Brasil é o 7º no Ranking Mundial do Global Wind Energy Council (GWEC). Até o primeiro semestre de 2020, estão instalados 637 parques eólicos e 7.738 aerogeradores.

De acordo com a ABEEólica, a estimativa é de ter cerca de 24,2 GW de capacidade instalada até 2024, considerando leilões já realizados e contratos firmados no mercado livre.

Para ampliar esta infraestrutura, é importante planejamento, escolha dos locais adequados e muitos testes e revisões, num projeto com várias etapas essenciais para o pleno funcionamento.

Conforme a Bloomberg New Energy Finance (BNEF), foram investidos R$ 13,6 bilhões no país pela indústria eólica em 2019. O resultado foi a geração de 355,9 TWh de energia, 15% maior que o ano anterior e suficiente para abastecer 28,8 milhões de residências por mês em 12 estados, atendendo a 86,3 milhões de pessoas, considerando três habitantes por casa.

O país é favorecido pela qualidade dos ventos, que são estáveis, com a intensidade certa e sem mudanças bruscas de velocidade ou de direção. Em 2019, o fator de capacidade – dado que mede a produtividade dos ventos – foi de 42,7%. Durante a “safra dos ventos”, período de junho até o final do ano, houve mês com média de 59%. A média mundial foi de 34%.

De acordo com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), o consumo médio residencial no Brasil, no ano de 2019, foi de 162 kWh por mês. Representou crescimento de 12,6% em relação ao ano anterior, quando a energia eólica abasteceu 76,7 milhões de pessoas.

De acordo com a nota técnica “Potencial dos Recursos Energéticos no Horizonte 2050” elaborada em 2018 pelo Ministério de Minas e Energia, o país precisa superar problemas técnicos, socioeconômicos, ambientais e de infraestrutura que podem ser obstáculos ao pleno aproveitamento do recurso eólico e à consequente oportunidade de impulso à economia nacional.

A geração eólica pode ser uma fonte de renda e melhoria de vida para proprietários de terra com pagamento de arrendamentos, que são tributados, para colocação das mais de 7 mil torres em operação.

Como funciona um parque eólico

O aproveitamento do vento é conseguido quando o mesmo atravessa as pás de uma turbina projetadas para capturar sua energia cinética, movimentando um eixo que une o rotor e o gerador, e a transforma em eletricidade.

Para instalar um parque eólico, várias etapas precisam ser cumpridas. A primeira parte é a realização dos levantamentos de viabilidade econômica e topográfica, caracterização eólica da região e a regularização fundiária.

Em seguida, além do projeto básico do complexo eólico, são exigidos estudos de análise de risco e Estudos de Impacto Ambiental (EIA) – que levam ao Relatório de Impacto Ambiental (Rima). Neles são detalhados como minimizar os possíveis impactos negativos do empreendimento.

Obtida as aprovações necessárias, empreiteiros e mão de obra contratados, canteiro de obras instalados, iniciam-se os trabalhos pela limpeza da área, com terraplenagem quando necessário e a abertura das vias de acesso externas e internas. Após as construções das fundações e das bases, é realizada a montagem das torres e aerogeradores.

A turbina eólica é formada por anemômetro, que mede a intensidade e a velocidade do vento. Tem também uma biruta, que, assim como nos aeroportos, capta a direção do vento. Possui mecanismos de controle para adequação da potência nominal à velocidade do vento. A nacele é um compartimento com caixa multiplicadora, freios, embreagem, mancais, controle eletrônico, sistema hidráulico. A torre sustenta o rotor e a nacele na altura apropriada para o funcionamento.

O passo seguinte é realizar as montagens, cabeamento e interligação elétricos, além da construção da subestação e da casa de controle.

A fase de comissionamento, ou seja, fase de testes da atuação do parque na capacidade máxima de geração, é crucial para garantir a melhor performance dos equipamentos e componentes. Muitas empresas recorrem ao aluguel de bancos de carga. Esses equipamentos, portanto, são responsáveis pela prevenção de potenciais falhas no fornecimento de energia numa etapa anterior à conexão da rede.

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