Doenças Raras e a importância do diagnóstico precoce

Dra. Natasha Slhessarenko

Dra. Natasha Slhessarenko

Pediatra e patologista Natasha Slhessarenko

Doenças Raras e a importância do diagnóstico precoce

O Dia Mundial das Doenças Raras é lembrado anualmente dia 28 de fevereiro em vários países pelo mundo e abrangem as doenças não só no âmbito da neurologia, mas em todas as especialidades médicas. Esse dia é importante para ressaltar que há várias doenças menos incidentes que são negligenciadas, prejudicando milhares de pessoas.Segundo o Ministério da Saúde, a doença rara é a que afeta até 65 pessoas em cada 100.000 indivíduos ou na frequência de 1/2.000 habitantes. Estima-se que existam entre 6.000 a 8.000 tipos diferentes de doenças raras em todo o mundo, sendo que 80% delas são de natureza genética. Todas elas juntas representam um contingente heterogêneo de doenças que acometem uma significativa parcela da população. Estima-se que no Brasil são 12 milhões de raros e mais de 300 milhões no mundo.Identificar precocemente uma doença rara pode fazer diferença na qualidade e no tempo de vida de muitos pacientes. Os exames diagnósticos são essenciais para as doenças raras, uma vez que os sinais e sintomas iniciais de várias delas podem ser parecidos, dificultando o diagnóstico baseado somente em dados clínicos.Por isso, a realização de testes genéticos e/ou bioquímicos são os mais indicados nestes casos para que se confirme o quanto antes a suspeita de determinada doença sem sujeitar a pessoa a exames desnecessários.Um dos grandes aliados para o diagnóstico de doenças raras é o teste do pezinho. O exame é realizado por meio de amostra de sangue coletada no pé do bebê, entre o terceiro e quinto dias após o nascimento. Por este teste pode-se detectar atualmente seis doenças, todas de natureza grave como por exemplo a doença falciforme, fibrose cística, hipotireoidismo e a fenilcetonúria. Em maio de 2021 o presidente sancionou uma lei (Lei 14.154/21) aumentando para mais de 50 doenças a serem pesquisadas no Teste do Pezinho. O processo de implantação será feito de maneira escalonada e em etapas.O diagnóstico preciso e precoce permite melhor orientação da família em relação a riscos e tratamentos disponíveis, em especial para as doenças raras de caráter progressivo, para que se iniciem medidas terapêuticas, preventivas e de reabilitação o mais cedo possível com objetivo de evitar a progressão dos sintomas e a perda de qualidade de vida do paciente.Em relação a sinais e sintomas das doenças raras, são caracterizados por uma ampla diversidade e variam não só de doença para doença, mas também de pessoa para pessoa acometida pela mesma condição.Grande parte dessas doenças progride com o passar do tempo, apresentando um aumento na intensidade dos sintomas e um risco maior de levar o paciente a um quadro de incapacidade.Por esse motivo, é importante conscientizar a população a respeito da necessidade do diagnóstico precoce, já que geralmente, ao identificar a doença, logo após os primeiros sintomas, o médico consegue controlar o quadro, retardando o seu avanço e evitando danos irreversíveis.TratamentoAs doenças raras são geralmente crônicas, progressivas, degenerativas e muitas vezes podem ser incapacitantes. Muitas delas não possuem cura, mas para algumas há opção de tratamento medicamentoso, transplante, terapia, dietas, reabilitação, dentre outros.O tratamento também consiste em seguimento clínico com equipe multidisciplinar envolvendo médicos, fisioterapeutas, fonoaudiólogo, psicoterapeuta, além de outras especialidades, para aliviar os sintomas ou retardar seu aparecimento.

Dra. Natasha Slhessarenko é pediatra  e patologista e coordena Comissão das Doenças Raras no Conselho Federal de Medicina (CFM)

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