Eslovênia Marques, de 26 anos de idade, decidiu se submeter a técnica de lipoaspiração conhecida como UGraft, que passou a ser utilizada nos últimos três anos por pessoas que buscam ter ainda mais definição em seu corpo.
Com a técnica sendo cada vez mais falada nas redes sociais, muito questionamentos surgiram sobre a segurança de tal procedimento. Com o auxílio de um ultrassom, o médico consegue avaliar qual o melhor lugar para que a gordura seja reaplicada no corpo do paciente, algo que dura em torno de 6 horas — o dobro de uma lipoaspiração comum.
No procedimento, a gordura pode ser retirada de áreas como abdômen, cintura, costas ou braços. Antes de retornar para o corpo, a gordura precisa ser processada para entrar de forma mais pura nos músculos abdominais. O médico tem cerca de 60 minutos para finalizar o tratamento da gordura e reintroduzi-la no corpo, para evitar, assim, o risco de infecções.
De acordo com o cirurgião plástico Leandro Faustino, em entrevista ao Viva Bem do UOL, “Isso é algo que está se expandindo e tem benefício estético”. No entanto, ele ainda alerta sobre os riscos. “No início, o principal risco que se temia era que a gordura migrasse do músculo e causasse uma embolia. Mas isso está sendo estudado para que aumente a segurança e não ocorra”, explicou.
Por sua vez, o cirurgião plástico Alexandre Kataoka, coordenador da Câmara Técnica do CRM -SP (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo) e perito do Instituto de Medicina Social e de Criminologia de São Paulo, apontou que a técnica possui muito mais riscos do que benefícios.
“Não há evidências de segurança. Em 2016, a Sociedade Americana de Cirurgia Plástica lançou um alerta mundial sobre os riscos de injeção de gordura intramuscular, devido a riscos de problemas tromboembólicos”, ressaltou.
De acordo com o médico, o que pode acontecer é a possibilidade de pequenos pedaços de gordura se desprenderem do vaso sanguíneo e atingirem outros órgãos, como o pulmão ou o cérebro, causando uma obstrução do fluxo do sangue, algo que poderia levar a problemas como trombose, embolia pulmonar e AVC.
Apesar disso, Kataoka não recrimina quem aplica essa prática, e faz um alerta. “Os médicos que a fazem não estão agindo errado, mas estão assumindo um risco. A parede abdominal é fina. Quem garante que a gordura não vai migrar para os órgãos? Existem riscos grandes”.