Atividade sustenta famílias em todos os municípios e alimenta o país

Cristino Ferreira Rodrigues e a família

Atividade sustenta famílias em todos os municípios e alimenta o país

O leite é um alimento completo. Fornece cálcio, é rico em proteína e contém inúmeros nutrientes, como o magnésio e a vitamina B12, que contribuem para a redução de diversas doenças. Nesta terça, 1º de junho, a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) comemora o Dia Mundial do Leite.

A bovinocultura de leite está presente em todos os municípios. De acordo com o Censo Agropecuário 2017, o Brasil possui 1,1 milhão de propriedades leiteiras. Juntas, produzem cerca de 35 bilhões de litros de leite por ano, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2019.

A partir do leite uma série de derivados são produzidos, como queijo, manteiga, requeijão e iogurte, presentes no café da manhã, em receitas e, principalmente, na alimentação infanto-juvenil, participando do desenvolvimento e formação do organismo.

Assim como outras atividades produtivas, a pecuária de leite não é simples nem fácil. O supervisor da Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) das cadeias de leite e corte do Senar Goiás, André Milhardes, afirmou que para ter sucesso na atividade, o pecuarista precisa estar atento aos manejos reprodutivo e sanitário dos animais e manter os custos operacionais da propriedade dentro das referências.

“De modo geral, a atividade leiteira tem suas complexidades em todas as etapas. Por exemplo, um bom manejo de cria e cuidados com o bezerreiro na fase inicial garantem um melhor desenvolvimento das fêmeas, que futuramente serão os animais produtivos. Atenção também para a recria, que bem conduzida, a novilha chega com a idade ideal de 24 meses no primeiro parto. Para as vacas em lactação, a atenção é para a nutrição correta”, explicou.

E para quem tem interesse em iniciar na atividade, o supervisor André Milhardes deu algumas dicas: “Busque capacitações, informações e conhecimentos com outros produtores que já estão na atividade; forneça água de qualidade aos animais; faça uma boa produção de volumoso na propriedade em quantidade e qualidade para passar o período seco sem surpresas; quando for adquirir animal para produção procure saber o histórico e forneça para os animais um ambiente com bom conforto térmico”.

A Comissão Nacional de Pecuária de Leite da CNA trabalha para defender os interesses do produtor brasileiro e fomentar a cadeia produtiva de lácteos. Algumas propostas do colegiado incluem: articulação de estratégias de seguros para a atividade; mecanismos de proteção às oscilações de mercado, de preços ou de custos; trabalhar estratégias de previsibilidade de mercado e indexação das cotações.

Outro tema importante que a Comissão tem trabalhado são as estratégias e o maior envolvimento em iniciativas de exportação de lácteos. “Precisamos alavancar as exportações brasileiras como uma forma de equilibrar a oferta e demanda e ter previsibilidade de preços”, disse o presidente Ronei Volpi.

Em 2020, o setor comemorou uma conquista importante para o enfrentamento da pandemia do coronavírus: laticínios com o Selo de Inspeção Federal (SIF) foram autorizados a comprar leite de pequenas indústrias com selos de inspeção estaduais ou municipais. A medida foi renovada até 31 de dezembro deste ano, uma vez que a continuidade da pandemia levou a novas restrições nos comércios em todo o país.

Confira o depoimento de alguns produtores:

ILDO VICENTE DE SOUZA – Pontes e Lacerda – Mato Grosso – Ildo conta que ao longo do tempo em que foi assistido pela Assistência Técnica e Gerencial (ATeG), do Senar-MT viu sua propriedade sendo transformada e sua produção e rentabilidade aumentada.

Segundo ele, registrou um aumento na produção de leite de mais de seis mil litros/mês. “Adotamos técnicas de manejo alimentar e nutricional de bezerras e divisão de lotes de animais. Além disso, adequamos a sala de ordenha, com o objetivo de melhorar a higienização e, consequentemente, a qualidade do leite produzido. Também tivemos melhoras na infraestrutura do sítio, o que beneficiou toda a família”.

CRISTINO FERREIRA RODRIGUES – Vale do São Domingos – Mato Grosso Segundo Cristino, durante o período em que foi assistido pela ATeG, do Senar-MT, teve um aumento de 69% na produção mensal de leite e um aumento de mais 20 animais no rebanho total da propriedade.

Além de Cristino e da esposa Luana Beatriz, o pai Uilton Francisco e a mãe Maria de Fátima também trabalham na produção de leite. “Tivemos uma melhora de 100% nas atividades”, conta Cristino.

RICARDO FERREIRA GODINHO – São João Batista do Glória – Minas Gerais – Ricardo e seus irmãos estão envolvidos na pecuária de leite desde 1965, quando o pai começou. Desde então, Ricardo permaneceu na atividade. O fato de gostar e ser uma atividade interessante economicamente, permitindo uma qualidade de vida, foi o que o motivou a continuar o que o pai fazia.

“Cresci em meio às vacas, estudei para trabalhar com o gado. Produzir leite é uma realização pessoal pela continuidade do trabalho iniciado pelo nosso pai, profissional por poder trabalhar com o que se gosta e econômica por ser viável e conseguir pagar as contas”, disse.

Para obter mais sucesso na pecuária de leite, o produtor já participou de vários cursos do Senar, tanto presencial, como a distância.

LISIANE ROCHA CZECH – Teixeira Soares – Paraná – Lisiane Rocha está na bovinocultura de leite desde 1992. Antes, criava gado de corte na propriedade adquirida pelo pai em 1974. “O espaço da propriedade ficou pequeno para a produção de carne, então migrei para o leite. Também fui inspirada por amigas produtoras”.

Para Lisiane, é gratificante ter um produto de qualidade para oferecer de alimento para as pessoas. “Ouvi de uma professora numa capacitação que somos produtores da paz e concordo com ela. Onde não falta alimento, temos paz”.

A produtora do Paraná contou que participa de cursos do Senar junto ao Sindicato Rural de Teixeira Soares. “Nossa propriedade é toda focada nos treinamentos, tanto na área técnica, quanto gestão. Com relação à Assistência Técnica e Gerencial, desde o primeiro curso que fiz, de manejo de gado de leite, formamos um grupo de produtores”.

WILSON BRAZ DA COSTA –  Anápolis – Goiás – A atividade leiteira iniciou de forma gradativa na vida de Wilson Braz. Em 2015, fez a aquisição de duas matrizes para atender o consumo de leite do caseiro que trabalhava na fazenda. Cerca de um ano depois, o trabalhador e sua família foram embora e as vacas ficaram.

“Por não conseguir consumir todo o leite, comecei a vender parte dele, cerca de 40 litros por dia. Com a reprodução dos animais, eles se tornaram quatro, depois oito, dezesseis, até chegar em 46 animais”, afirmou.

Embora o leite não seja a principal atividade da fazenda, depois de ter sido contemplado com dois anos de Assistência Técnica e Gerencial do Senar Goiás, a atividade se desenvolveu ao ponto de se tornar uma excelente fonte de renda. “O leite é fundamental para a manutenção da família e da propriedade”.

Wilson contou que mesmo não sendo de origem rural, o que o faz permanecer na pecuária de leite e enfrentar os desafios que são muitos, é o apoio recebido do Senar Goiás. “As capacitações e assistências que me fortalecem dia após dia”.

+ Acessados

Veja Também