As desordens na audição no retorno às aulas presenciais

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Vanessa Moraes

As desordens na audição no retorno às aulas presenciais

As escolas enfrentaram uma série de entraves para conseguir manter as crianças e adolescentes em algum contexto de aprendizagem durante o isolamento social com aulas on-line. E os desafios continuam agora com o retorno às aulas presenciais.

Vamos falar especificamente da audição nestes escolares.

Assistir às aulas com notebooks é muito diferente do que estar presencialmente em salas de aula.

Em aulas com o uso de notebooks, não há ruído competitivo, o aluno é orientado a estar em um local, preferencialmente sozinho, silencioso, com boa claridade, o volume dos seus fones do ouvido é controlado pelo estudante ou por seu responsável, não há trabalhos em grupos e nem mesmo conversas ou brincadeiras paralelas. A lousa (a tela do notebook) é seu único estímulo neste momento. Nesta situação sua atenção e memória auditivas são dirigidas, com pouca influência do meio ambiente que o rodeia.

Na sala de aula, há vários ruídos competitivos que dificultam escutar a professora adequadamente, como o barulho do ar condicionado e/ou ventilador, conversas paralelas dos colegas, barulhos do cair de canetas das carteiras, entre outros. O aluno pode perder muita informação quando o professor fica de costas ao escrever na lousa ou ao andar pela sala explicando o conteúdo do dia. Os trabalhos em grupos acontecem e os ensaios para a apresentação de trabalhos em grupos se tornam mais comuns e a memória e a atenção necessariamente tem que ser seletiva.

Assim sendo, de volta ao ambiente de aula presencial, o aluno exercerá habilidades auditivas que não eram exigidas em aulas on-line. O aluno terá que processar a mensagem, armazenar as informações, focar seletivamente no estímulo de seu interesse enquanto ignora os estímulos competitivos, passando a ser um ouvinte consciente para processar o estímulo recebido. Há a dificuldade em “filtrar” o necessário, em “descartar” o que não é importante, pois antes, tudo “chegava limpo” aos seus ouvidos… Qualquer distúrbio de atenção, memória e /ou processamento auditivo podem desencadear baixo rendimento escolar.

O conteúdo da aprendizagem será o mesmo, porém exigirá comportamentos auditivos de quase 2 anos atrás. Esse será um dos grandes desafios da aprendizagem pós-pandemia.

E o aluno com perda auditiva? Certamente essas e mais outras habilidades auditivas estarão prejudicadas e influenciarão negativamente no rendimento escolar.

Daí a importância de se fazer exames auditivos antes do início letivo do próximo ano letivo.  É o médico otorrinolaringologista quem fará o diagnóstico e estabelecerá sua conduta. Muitas vezes pode ser a presença de cera nos ouvidos ou infecções (otites) que sejam as possíveis causas das perdas auditivas. E havendo uma perda auditiva que acomete o nervo auditivo, o uso de aparelhos auditivos é indicado e deve ser iniciado o mais cedo possível.

Vamos iniciar o “novo mundo” e não deixar o nosso sentido de lado… o “sentido da audição”.

Vanessa Moraes –  Audiologista – @fonovanessacmoraes

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