Seduc proporciona pedagogia diferenciada a estudantes estrangeiros

Redação PH

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Seduc proporciona pedagogia diferenciada a estudantes estrangeiros

Em abril de 2014, Vladinov Benjamin, estudante haitiano, então com 19 anos de idade, aterrissou no Brasil em busca de melhores condições de vida, assim como milhares de conterrâneos. Chegou a Cuiabá, onde amigos o esperavam. Sem saber falar ou ler em português, encontrava muitas dificuldades quando tinha de se virar sozinho.

Dois anos e muitas horas de estudo depois, Benjamin integra hoje o quadro de funcionários da Escola Estadual Leovegildo de Melo, no CPA III, em Cuiabá, onde, após concluir o Ensino Médio neste ano, atua como intérprete do projeto Educação para Imigrantes – desenvolvido pela Secretaria de Estado de Educação, Esporte e Lazer de Mato Grosso (Seduc-MT).

A escola do bairro CPA é uma das sete que oferecem uma pedagogia de ensino voltada à inclusão social de imigrantes. Em 2016, mais de 600 estudantes estrangeiros foram atendidos pelo projeto, sendo 90% haitianos. Em 2017, a previsão é de que a demanda aumente ainda mais.

Os idiomas oficiais do Haiti são o creole e o francês. A estimativa é de que aproximadamente 4 mil haitianos vivam na Grande Cuiabá, com quase 80% deles residindo na região da Avenida dos Trabalhadores, conforme estudo realizado pela Seduc.

Atenta à situação, a secretaria capacitou, neste ano, 30 professores de sua rede para melhor lidar com os imigrantes. Nas escolas onde o projeto é executado, há turmas específicas para esses estudantes, além de aulas de reforço e materiais apropriados, como apostilas diferenciadas e dicionários.

“Trabalhamos primeiramente a fonética, a fonologia, a formação das palavras e, posteriormente, estimulamos as práticas de leitura. Enquanto educadores, procuramos, por meio do diálogo, fazê-los se sentir o mais à vontade possível em sala de aula, como também fora dela”, afirmou a professora Maria Aparecida Duarte Gabriel, que atua no Centro de Educação de Jovens e Adultos (Ceja) Almira de Amorim Silva, na capital.

Para facilitar a adaptação dos estudantes, algumas escolas contam com intérpretes, como Benjamin, na Leovegildo de Melo.

“Sinto-me feliz de poder ajudar as pessoas que, como eu, encontraram muitas dificuldades no começo, especialmente com a língua e com o estilo e ritmo de vida em um lugar novo. Além disso, posso continuar ajudando a minha família no Haiti, com o salário que recebo pelo trabalho”, revela Benjamin.

Falando um português fluente, Benjamin, que prestava serviços gerais para uma construtora antes de ser contratado como intérprete, pensa em continuar no Brasil por um período indeterminado. “Por aqui as oportunidades são maiores do que no Haiti”, justifica.

Desde 2010, após um terremoto que matou aproximadamente 300 mil pessoas, o Haiti atravessa grandes dificuldades. Em decorrência do problema, muitas cidades desenvolveram surtos de cólera e outras doenças. Saint-Marc, cidade natal de Benjamin, foi uma das afetadas.

De uma família com quatro irmãos, ele tem vontade de ingressar no ensino superior para estudar Direito e se profissionalizar, para, quem sabe, dar uma vida melhor aos seus familiares que continuam no Haiti.

Integração

Diferentemente de Benjamin, Gonomy Nyankone Monestine, 16 anos, chegou ao Brasil já sabendo algumas palavras em português, ainda que limitadas à letra de “Ai, se eu te pego”, hit mundial do cantor Michel Teló. Ele, que se mudou para Cuiabá com toda a família, é um dos haitianos atendidos na Escola Estadual Leovegildo de Melo.

Há nove meses pela capital, ele também já apresenta um bom nível de conhecimento da língua portuguesa e consegue se comunicar.

“Os professores ajudam bastante, procuram conversar com a gente sempre. Estou aprendendo muito”, afirmou.

Sua irmã, Claire Daphnie Monestine, 14, estuda na mesma escola e se disse bem à vontade na unidade. “Fiz bons amigos por aqui. Os colegas e professores nos receberam bem. Espero continuar mais tempo no Brasil”, disse.

Vistos

Desde que passou a oferecer ajuda humanitária ao Haiti após o terremoto, o governo brasileiro tem facilitado a entrada e permanência desses imigrantes no país. Somente no ano passado, o governo federal concedeu o visto de residência permanente a 44 mil haitianos.

Em Mato Grosso, neste ano, a Pastoral dos Migrantes de Cuiabá, entidade filantrópica que acolhe viajantes de todo o mundo em busca de uma vida melhor, atendeu 368 estrangeiros, sendo 324 egressos do Haiti.

A técnica da Educação de Jovens e Adultos da Seduc, Antonieta Costa, uma das responsáveis por coordenar o Educação para Imigrantes, explicou que a intenção é expandir a iniciativa para mais escolas no próximo ano letivo.

“Queremos um Estado mais integrado. Eles (os imigrantes) aprendem conosco, e nós com eles”, pontua.

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