O ex-primeiro-ministro da Austrália John Howard, responsável por seu pais ter participado da Guerra do Iraque, em 2003, admitiu nesta quinta-feira (7) que "erros na inteligência" levaram ao conflito armado. Na quarta-feira, o Reino Unido divuldou o relatório "Chilcot" que questiona os motivos da invasão.
Howard, no entanto, disse que "não mentiu" e, em seguida, partilhou da opinião de Tony Blair, ex-primeiro-ministro do Reino Unido: "caso contrário o meu governo tinha tomado uma outra abordagem".
"Acho que a decisão de ir à Guerra do Iraque foi justificada naquele momento e não me retrato disso porque pensei que era a decisão correta", ressaltou Howard, em entrevista ao canal australiano "ABC".
No dia 18 de março de 2003, o então presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, pediu formalmente a Howard o envolvimento das tropas australianas na intervenção militar no Iraque, que mais tarde se materializou com o envio de aproximadamente 2 mil soldados.
Na quarta-feira, John Chilcot, encarregado de investigar o papel do Reino Unido na invasão do Iraque, revelou em um relatório que o conflito, com o argumento da existência de armas de destruição em massa, se realizou com provas de inteligência "não justificadas" e sem haver esgotado a opção pacífica.
A ministra das Relações Exteriores da Austrália, Julie Bishop, rejeitou que Howard deva se desculpar com a população pela decisão e disse que a medida também contou com o apoio da oposição trabalhista.
Por sua vez, o atual deputado australiano Andrew Wilkie pediu que tanto Howard quanto o ministro das Relações Exteriores da época, Alexander Downer, sejam responsabilizados pela participação da Austrália na Guerra do Iraque.
Wilkie, cujo apoio pode ser decisivo para a formação de um eventual governo minoritário na Austrália, reivindicou que se abra em seu país uma investigação como a de Chilcot.