Menor poder de compra deixa comércio mais pessimista neste fim de ano

Redação PH

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crise econômica pode trazer oportunidades de investimento, avalia especialista

Menor poder de compra deixa comércio mais pessimista neste fim de ano

Os últimos três meses do ano são, em geral, um período em que o brasileiro acaba gastando mais, seja com os presentes de Dia das Crianças e de Natal ou por ter mais dinheiro no bolso com o pagamento do 13º salário. Neste ano, no entanto, os consumidores estão um pouco mais cautelosos.

As vendas no Dia das Crianças já deram uma sinalização de como será o último trimestre deste ano. Na semana de 5 a 11 de outubro, as vendas caíram 4,7% em todo o País na comparação com a semana de 6 a 12 de outubro do ano passado, conforme revela o Indicador Serasa Experian de Atividade do Comércio – Dia das Crianças. Este foi o pior Dia das Crianças desde a criação do Indicador em 2006.

Segundo a ACSP (Associação Comercial de São Paulo), como o Dia das Crianças é a última data comercial antes do Natal, ele é considerado um termômetro para o desempenho do varejo no fim do ano. Agora os varejistas devem definir encomendas e projetar vendas para os últimos meses de 2015.

O menor poder de compra do brasileiro — causado pela inflação alta e pela redução dos salários — deixa consumidores e comerciantes mais pessimistas. De acordo com o diretor da Escola de Investimentos Leandro & Stormer, Alexandre Wolwacz, a inflação já mostra os sinais de sua completa crueldade com a população.

— Começa a faltar salário no final do mês para pagar pelas coisas, produtos e bens que eram consumidos pelas famílias normalmente nos últimos anos.

Para Wolwacz, uma geração não acostumada à inflação agora tem que apertar os cintos, comprando menos coisas, para segurar suas finanças até o fim do mês.

— Essa geração, agora, enfrenta isso, paralelo ao aumento do desemprego. A incerteza quanto ao futuro produz o medo do consumo. O medo de gastar um dinheiro que no próximo mês pode faltar.

Desemprego

Uma pesquisa da CNI (Confederação Nacional da Indústria), divulgada em setembro, mostrou que 44% dos entrevistados tiveram alguém da família que perdeu seu emprego nos últimos 12 meses. Wolwacz afirma que isso produz um freio completo no consumo de bens, desde os supérfluos até os mais indispensáveis.

— Muitos tentam adiar as despesas, pesquisar mais antes de comprar, evitar as compras por impulso.

Outro dado da CNI mostra que o medo do desemprego cresceu 37,5% em setembro deste ano na comparação com o mesmo mês do ano passado. O índice passou de 77 pontos para 105,9 no mês passado.

Wolwacz explica que essa situação gera um círculo vicioso que é negativo: o desemprego acelerando, leva as pessoas a consumirem menos. Isso, por sua vez, leva os empresários a cortarem gastos e custos, que produzem um aumento no desemprego.

— As pessoas, provavelmente, vão diminuir o tíquete médio [valor] dos presentes dados neste período do ano e, em muitos casos, podem até cortar a compra de presentes.

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