Aguarda sanção do governador Pedro Taques o Projeto de Lei 276/2015, que institui o Programa de Cadastramento Visual Infantil “Olha Bem Mato Grosso”. De autoria do deputado estadual Mauro Savi (PSB), a proposta é inserir crianças de quatro a 10 anos de idade, estudantes matriculados entre a pré-escola e o nono ano escolar que apresentarem dificuldades na elaboração de alguns testes simples capazes de detectar a presença de algumas distorções oculares, tais como: miopia, hipermetropia, daltonismo e astigmatismo.
Tais distorções são as causas mais comuns de deficiência visual em todo o mundo e a segunda causa mais comum de cegueira. “Estes problemas/doenças não podem ser evitados (as), mas podem ser diagnosticados através do exame ocular e tratados com óculos, lentes de contato ou cirurgia”, argumenta o autor do projeto. O deputado ressalta que a dificuldade em responder a estes testes é uma alerta e gera a necessidade de encaminhar a criança, com urgência, a consulta mais minuciosa, pois pode ser o prenuncio de um problema visual mais complexo.
Segundo especialistas, os testes de acuidade visual (Manual de Orientação de Triagem e Acuidade Visual, Tabela Snellen e Oclusor) são de baixa complexidade, porém de grande eficiência no resultado final, e podem ser aplicados por professores, orientadores educacionais, pais e voluntários, mediante prévio e rápido treinamento.
De acordo com dados do IBGE de 2015, dentre os tipos de deficiência pesquisados no Brasil (auditiva, visual, física e intelectual), a visual é a mais representativa e atinge 3,6% dos brasileiros, sendo mais comum entre as pessoas com mais de 60 anos (11,5%). O grau intenso ou muito intenso da limitação impossibilita 16% dos deficientes visuais de realizarem atividades habituais como ir à escola, trabalhar e brincar.
Também em 2015, uma pesquisa apontava que o Brasil possuía seis milhões e meio deficientes visuais. Segundo o médico oftalmologista Tarcísio Schairnbeck, deste total, somente 580 mil pessoas são cegas. Isto quer dizer que a maior parte tem visão reduzida, e pode melhorar a qualidade de vida.
O Ministério da Saúde, por sua vez, aponta que 30% das crianças em idade escolar apresentam algum problema na visão. Já a Organização Mundial de Saúde estima que existam pelo menos 400 mil crianças cegas no mundo, 94% delas em países em desenvolvimento. Nesse sentido, a Sociedade Brasileira de Oftalmologia Pediátrica calcula a existência de 180 crianças cegas e 720 com baixa visão para cada milhão de brasileiros. Os estudos revelam ainda, que as duas principais causas de cegueira evitável no Brasil são a catarata e a falta de óculos, sendo que oito em cada 10 casos de perda de visão poderiam ser evitados se detectados precocemente.
“Esses números são assustadores. Daí a importância de criar métodos práticos de prevenção. E a nossa proposta prevê exatamente isso, ações simples que merecem prosperar. O custo inicial será revertido em uma economia imensurável futuramente”, elucidou Savi ao apontar que televisão, computador e outros equipamentos exigem muito do sistema visual da criança, chegando a impedir, em alguns casos, seu adequado desenvolvimento.