A secretária de Leandro Boldrini teria escrito a carta de suicídio de Odilaine Uglione, mãe do menino Bernardo. A comparação das grafias foi realizada por dois peritos, um de São Paulo e outro do Rio Grande do Sul.

Um dos especialistas, Mario Baptista, credenciado pelo Tribunal de Justiça gaúcho, se voluntariou para fazer a análise. Já o perito paulista, Marco Antonio Batista da Silva, foi contratado por uma emissora de TV.

Em análises independentes, os especialistas comprovaram que a letra da carta supostamente deixada por Odilaine é, na verdade, de Andressa Wagner, ex-funcionária do médico Leandro Boldrini. Marlon Taborda, advogado da avó de Bernardo, Jussara Uglione, pede a reabertura do processo que apurou a morte de Odilaine, em 2010. À época, o caso foi tratado como suicídio. Segundo o advogado, foram comparadas com a carta agendas e cartões escritos pela secretária.

Essa não é a primeira vez que a mãe de Odilaine tenta reabrir as investigações da morte da filha. Ano passado, após o assassinato de Bernardo, um perito particular descartou a hipótese de suicídio, já que não havia marcas de pólvora nas mãos de Odilaine.

O laudo foi entregue à Justiça, que negou a reabertura do caso. Segundo o advogado Marlon Taborda, a resistência do MP e da Justiça de Três Passos em assumir que Odilaine foi assassinada acontece porque isso implicaria em admitir que houvesse erro das autoridades, falha que teria acarretado na morte de Bernardo.

Duas semanas atrás, outro perito já tinha apurado que a carta de suicídio não tinha sido escrita por Odilaine. Apontada como dona da letra, a ex-secretária de Leandro Boldrini, Andressa Wagner, se mudou há cerca de um mês da cidade de Três Passos, no noroeste gaúcho, para a Região Metropolitana de Porto Alegre.

Andressa teria sido a primeira pessoa a encontrar o corpo da mãe de Bernardo no consultório de Leandro e foi testemunha no processo. Segundo a polícia, Odilaine estaria deprimida por causa do processo de divórcio. Para a mãe dela, Dona Jussara, a filha estava feliz por terminar o relacionamento após descobrir uma traição do marido.

Caso se separassem, Leandro teria de pagar R$ 1,5 milhão de divisão de bens e pensão de R$ 8 mil. O Ministério Público de Três Passos deve analisar os laudos periciais e, nas próximas semanas, debater a possibilidade de reabertura das investigações.