Mercosul continua sem solução sobre presidência

Redação PH

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Mercosul continua sem solução sobre presidência

O Mercosul continua em crise pela passagem da presidência rotativa do bloco à Venezuela. A reunião de seus sócios fundadores, realizada nesta quinta-feira (4) em sua sede de Montevidéu, terminou sem qualquer avanço ou consenso, informa a agência France Presse.

A reunião permitiu a "constatação de que não houve consenso em torno do tema da presidência pro tempore", disse o vice-chanceler paraguaio, Rigoberto Gauto, a jornalistas depois do encontro que durou o dia todo entre coordenadores técnicos do bloco composto por Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Venezuela.

A crise no Mercosul prolonga-se desde junho, sem sinal de solução.

Na última sexta, o Uruguai deu por encerrada sua gestão na presidência rotativa, sem anunciar a transferência do posto a qualquer um dos sócios do bloco. O Mercosul era presidido pelo país desde o começo do ano, e a Venezuela deveria assumir a posição neste mês, segundo a regra de rotatividade do bloco. A sequência dos países que ocupam o cargo é definida por ordem alfabética e a troca é semestral.

A Venezuela, entretanto, considera que assumiu o comando da agenda do bloco, mas Brasil, Argentina e Paraguai não reconhecem seu mandato.

Sem presidência

Uma fonte próxima às negociações disse à agência Reuters que os diplomatas dos países do bloco tentam encontrar uma fórmula para não paralisar completamente o grupo até que haja alguma evolução na situação da Venezuela. Enquanto isso, o Mercosul continuará sem presidência, disse a fonte.

"O Uruguai concordou que se tem de encontrar uma solução para que funcione o Mercosul, mas são os mais resistentes a qualquer solução política", disse a fonte.

Foram encaminhadas até agora as propostas de passar a presidência diretamente para a Argentina, próxima da fila, e a de deixar a coordenação do bloco para um conselho de ministros das Relações Exteriores. Mas as propostas não foram aceitas pela Venezuela e, consequentemente, pelo Uruguai, que condiciona seu apoio à concordância venezuelana. Sem uma posição unânime, segue o impasse.

Os representantes reunidos concluíram que se deve tentar levar informalmente questões técnicas do bloco e que não podem ser paralisadas, como a revisão de tarifas e a adoção de regulamentos, entre outros temas, sem o envolvimento do lado político do bloco, ou seja, de ministros e presidentes.

A maneira de por em prática essa engenharia ainda não foi definida, mas alternativas foram levantadas e serão levadas às chancelarias, disse a fonte, para serem tratadas novamente em uma reunião no final deste mês. Toda a formatação do bloco é feita para que seja dirigido pela cúpula de presidentes, mas não há vedação para que decisões sejam tomadas fora disso.

Uma proposta inicial é que a situação seja tocada em nível técnico e quase informalmente até o final do ano, quando acabaria o período de presidência da Venezuela. Mas sem ter ocupado a presidência, nada impede que o governo de Nicolás Maduro continue a pressionar para assumir o cargo, disse a fonte. A expectativa dos diplomatas de Brasil, Argentina e Paraguai é que, de alguma forma, a situação venezuelana se resolva, disse a fonte.

Declaração de Maduro

Na noite de quarta-feira, o presidente venezuelano Nicolás Maduro fez duras críticas a alguns de seus sócios.

Maduro disse em um ato oficial que a Venezuela é perseguida pelos governos de Argentina, Brasil e Paraguai, aos quais chamou de "tríplice aliança de torturadores da América do Sul".

Gauto disse que as declarações de Maduro não foram discutidas na reunião celebrada na sede administrativa do Mercosul em Montevidéu.

"A Venezuela foi convidada mas não veio, o que lamentamos", disse Gauto sobre a falta de representantes venezuelanos na reunião. "Todos os países manifestaram sua decepção por não terem contado com a delegação da Venezuela", acrescentou.

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