Detentos trabalham 8 horas por dia e sustentam famílias em MT

Redação PH

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Detentos trabalham 8 horas por dia e sustentam famílias em MT

"Não faria o que fiz se fosse agora, meu pensamento mudou", disse o detento Gláucio de Oliveira, que trabalhou nas obras da Copa em Cuiabá e agora faz serviços de limpeza e manutenção de canteiros. Ele avalia que a vida mudou por conta do trabalho e se diz arrependido de ter cometido o crime. Gláucio cumpre pena até 2020.

Gláucio cumpre a pena em regime semiaberto desde em, que foi aprovado em um processo seletivo e contratado para trabalhar. Ele começou a trabalhar em 2014, seis anos após ter sido preso por homicídio. Quando cumpria a pena em regime fechado, o reeducando trabalhava na cadeia, auxiliando na manutenção do presídio.

Por nove meses, ele trabalhou na construção da trincheira Mário Andreazza e na Arena Pantanal. Antes de ser preso, ele já trabalhava na construção civil, o que facilitou a contratação. "Minha carteira foi assinada e ganhava R$ 1,4 mil líquido. Também recebia vale-transporte e vale-alimentação", disse.

Jerônimo Amâncio de Figueiredo, de 63 anos, cumpre pena
em regime semiaberto (Foto: Nathalia Lorentz/ G1)

Mesmo com experiência no mercado de trabalho, Gláucio confessa que a dificuldade para conseguir emprego era grande pois as pessoas têm preconceito. "A maioria das empresas exige título eleitoral e como sou condenado o meu título é bloqueado até eu terminar de cumprir a pena", contou.

Com a nova chance de ressocializar, Gláucio foi contratado pela prefeitura de Cuiabá. Ele e mais 29 reeducandos foram contratados para ajudar na limpeza e na manutenção da cidade. Ele recebe em torno de R$ 1,2 mil e disse que é o suficiente para pagar as contas. Por estar empregado, ele recebeu o benefício de trabalhar durante o dia, sem escolta, e dormir em casa.

Na prisão, ele também conheceu a mulher dele. "Ela visitava o irmão dela que estava no presídio e nos conhecemos", disse. Gláucio está com ela há dois anos e seis meses e tem filho de dois anos.

Com quatro diplomas dos cursos que fez enquanto estava preso, ele conta que não são suficientes. Ele parou os estudos na 8ª série, mas pretende continuar aprendendo. "Pretendo continuar estudando, o estudo ajuda muito", citou.

Assim como Gláucio, o reeducando Jerônimo Amâncio de Figueiredo, de 63 anos, condenado em 2008 a 21 anos de prisão por estupro de vulnerável, também trabalha.

Depois de cumprir um ano e três meses da pena em regime fechado recebeu o benefício do programa da Justiça, o 'Extra Muros', passando a trabalhar durante o dia e passar as noites em casa. Ele tem seis filhos. "Eu errei. Não faria de novo se sobesse que aconteceria tudo isso", confessou.

Jerônimo também foi aprovado no processo seletivo da prefeitura de Ciuabá e contratado há cerca de um ano. A oportunidade, segundo ele, é uma forma de recomeçar a vida. "Estou feliz da vida. Essa oportunidade mudou meu pensamento, sou uma nova criatura", disse.

Ele conta que quando conheceu as adolescentes de 14 e 16 anos. "Estava solteiro e as duas meninas começaram a visitar meu comércio. Depois, saí com elas. Aconteceu que tivemos um caso e as meninas engravidaram. A mãe delas descobriu e me denunciou", contou.

O secretário de Serviços Urbanos do município, José Roberto Stopa, disse que os reeducandos estão aproveitando a oportunidade. "Eles estão fazendo por merecer essa oportunidade. São trabalhadores tão bons quanto os demais. Fazem jus ao salário deles", citou.

José explica que os reeducandos prestam os mais variados serviços como: carpinação, poda de árvore, varreção e limpeza de córrego. "São trabalhadores que prestam um grande serviço ao municipio de Cuiabá do quesito limpeza", disse. Ao todo, 30 detentos foram contratados para esse tipo de serviço.

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