Veja as primeiras impressões do Fiat Toro

Redação PH

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Veja as primeiras impressões do Fiat Toro

A Fiat lidera há 15 anos o segmento de picapes graças à compacta Strada, derivada do Palio. Mas dificilmente quem pensa em picape, com aquela imagem clássica do que alguns ainda chamam de caminhonete, grande, robusta, rasgando estradas de terra, pensa nesta marca. Montadora que mais emplaca veículos no Brasil, a Fiat continua associada a carros menores e mais baratos, "sacando" fenômenos de venda como Uno, Palio e a própria Strada.
Com a Toro, a história vai mudar? Em termos. A Fiat não vai (nem deve) entrar na briga direta por quem, no Brasil, se realiza em Chevrolet S10, Toyota Hilux, e outras médias, e sonha com as Ford F Series americanas e os "monstros" da (Dodge) Ram.
O novo modelo da montadora nasce como uma mistura de características justamente para atacar em várias arenas. "Vamos pegar clientes de picapes 'medium size' – talvez não aquele picapeiro de raiz, mas também donos de sedãs, SUVs e hatches médios", afirmou Carlos Eugênio Dutra, diretor de produto da agora Fiat Chrysler.
Ou seja, a Fiat quer convencer clientes a trocarem modelos outros de segmentos por uma picape. Essa parte da missão fica nas mãos das porções de SUV e de sedã prometidas pela montadora na "receita" da Toro. Ela "nasce" na mesma plataforma do Jeep Renegade, não apenas um dos que disputam atualmente a liderança do segmento dos utilitários, mas também um modelo mais sofisticado.
'Picape, eu?!'
A Toro tem um pouco desse "berço", passando uma boa imagem no acabamento, embora não luxuoso, da versão topo de linha, a Volcano, que o G1 experimentou durante o evento de lançamento, em Campinas (SP).
Apesar de ter diversos atributos como capacidade de carga de 1 tonelada (nas versões diesel), a Toro não nega que seu objetivo não é ser um "burro" de carga. A Fiat sabe que está entregando um modelo que vai rodar predominantemente na cidade e, eventualmente, se aventurar em rodovias e estradas que levam a fins de semana no sítio.
Não à toa ela é classificada no site de imprensa da Fiat entre "veículos de passeio", junto com Weekend, Idea, e o SUV Freemont, entre outros, enquanto a Strada fica entre "veículos comerciais". Outros indícios estão na predominância de motor a diesel (ele está em 3 de 4 versões), oferta de câmbio automático -e não o automatizado Dualogic- logo na versão de entrada, a única flex. A marca acredita que 65% das vendas serão do diesel.
Na busca por sofisticação e conforto, o modelo tem, de série, controle de tração e estabilidade, suspensão independente (do tipo multilink na traseira) e direção elétrica–o que nem as concorrentes maiores oferecem em todas as versões.
O modelo da Fiat também inovou com a tampa da caçamba bipartida, leve e fácil de abrir, e oferece partida à distância: ativando o ar-condicionado para resfriar o carro que ficou no sol.
Ao volante: suave
Assim como na concorrente direta Renault Oroch, feita a partir do Duster e lançada em outubro passado, a Toro faz o motorista esquecer que está ao volante de uma picape. Nada de sacolejar, sentir o terreno "na pele" ou precisar "domar" o carro.
Apesar de o evento de lançamento do modelo da Fiat ter acontecido em trajeto urbano –onde grande parte das unidades Toro deverá rodar–, a picape se mostrou suave e absorveu bem as irregularidades que chegou a encontrar no trecho.
A posição mais elevada de dirigir preserva uma certa imponência, mas não é como chegar no semáforo a bordo de uma "picapona". Em compensação, tem boa estabilidade em curvas e não requer grandes peripécias para manobrar.
Na topo de linha Volcano, a combinação do motor 2.0 turbodiesel, de 170 cavalos (um pouco mais potente que o do Renegade, que é mais leve), com as relações do câmbio de 9 marchas, lembra a do SUV da Jeep. Há muito vigor, graças ao torque máximo de 35,7 kgfm já entregue a 1.750 rotações por minuto, mas a resposta nas saídas é um pouco demorada. Os dados de consumo não foram divulgados.
Com acabamento imitando couro nas portas, bancos e volantes, a versão de R$ 116,5 mil tem tração 4×4 e é equipada com a mesma central multimídia do Renegade, Uconnect, com tela colorida de 5 polegadas e sensível ao toque (opcional nas demais versões, exceto a série especial Open Edition, onde está incluída), com câmera de ré.
Ela é mais cara que o SUV com esse motor e câmbio: ele parte de R$ 105.990 (Sport).
O ar-condicionado é de duas zonas (controle independente para motorista e passageiro) e há faróis de neblina que acompanham as curvas e rodas de liga leve de 17 polegadas. Uma saída do ar para quem vai atrás seria bem-vinda.
Chegou depois, mas melhor
Apesar de a Fiat dizer que está inventando um segmento, o nicho das picapes pequenas de família foi lançado pela Oroch, que soma, em 3 meses cheios de venda, pouco mais de 4 mil emplacamentos. O modelo pioneiro, porém, fica para trás na comparação direta com o novato em termos de oferta: não tem opção de motor a diesel, nem tração 4×4 e nem câmbio automático.
Fiat Toro Volcano 2.0 Diesel (Foto: Divulgação)
Renault Duster Oroch (Foto: Luciana de Oliveira/G1)
A Renault, no entanto, promete o automático para este ano e diz estudar uma 4×4. Mas não oferece direção elétrica nem como opcional. E a Oroch se apega demais ao Duster, o que não é de todo um mérito: o interior é praticamente o mesmo, com problemas na ergonomia e desenho nada empolgante. Ser parente do Renegade é bom para a Toro, mas a Fiat deu uma cara diferente e moderna à picape, principalmente no exterior.
Com seus 4,91 metros de comprimento e 2,99 m de distância entre-eixos, a Toro melhora o que já era bom na Oroch em relação às picapes menores: a sensação de quem está dentro, em qualquer dos assentos, é de estar num SUV –compacto, é claro. São 16 cm a mais de entre-eixos que na picape da Renault.
Só que cobra mais
No preço, no entanto, a Oroch é bem mais amigável: a versão mais cara, Dynamique 2.0, não custa nem perto do valor da versão de entrada da Toro, Freedom 1.8: R$ 72.400, com câmbio manual e motor flex de 148 cv contra os R$ 76.500 do Fiat com câmbio automático de 6 marchas e motor flex de 135 cv.
O modelo mais caro da Renault ainda vem com sistema multimídia com tela maior, de 7 polegadas, e GPS. Na Toro básica, Freedom 1.8, a central multimídia é opcional, mas a versão contra-ataca com itens de série citados anteriormente. Ambas as concorrentes têm sensor de estacionamento, piloto automático e comandos no volante.
Meta ambiciosa
Há outros concorrentes entre as picapes? Apesar do discurso da Fiat, é difícil pensar que o dono de uma picape média vá se render à Toro.
Por exemplo, a campeã de vendas S10, que deverá ser reestilizada neste ano, carece da modernidade, mas, em termos de porte, não se compara.
Mesmo cobrando a partir de R$ R$ 95.490 na versão cabine dupla, a tradicional picape se impõe com 43 cm a mais de comprimento, além da distância entre-eixos 10 cm maior.
Talvez as versões mais caras da Strada tenham na Toro uma concorrente, mas no modelo tudo bem menor, inclusive o preço. Por isso é difícil acreditar que a Toro poderá roubar da "irmãzinha" a liderança no segmento de picapes.
A Fiat tem a meta ambiciosa de vender 50 mil unidades da Toro em 1 ano, uma média de 4,1 mil por mês, a metade da performance mensal da Strada em 2015, segundo dados da federação dos concessionários (Fenabrave) mas bem acima do desempenho de todas as picapes médias e grandes do mercado brasileiro. A Toro também será exportada para países da América Latina.
Fiat Toro Freedom 1.8 Flex (Foto: Divulgação)
Fiat Toro Volcano 2.0 Diesel (Foto: Divulgação)

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