Vacina de dengue começa a ser distribuída em SP ‘nos próximos dias’

Redação PH

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Vacina de dengue começa a ser distribuída em SP ‘nos próximos dias’

A vacina contra dengue do laboratório Sanofi Pasteur, a Dengvaxia, começará a ser distribuída a clínicas privadas do estado de São Paulo "nos próximos dias", segundo a farmacêutica. A distribuição aos outros estados deve ocorrer em seguida. A informação foi divulgada em coletiva de imprensa nesta quarta-feira (27).

A Dengvaxia, primeira vacina contra a dengue disponível no Brasil, vai custar de R$ 132,76 a R$ 138,53, segundo anunciou a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), nesta segunda-feira.

O consumidor, no entanto, deverá desembolsar um valor adicional, que varia em cada estabelecimento, pela aplicação do produto.

De acordo com o Ministério da Saúde, ainda não há uma previsão de compra para o Sistema Único de Saúde. Serão feitos estudos de custo para a distribuição nacional e, caso seja viável, a vacina poderá ser distribuída de graça aos pacientes. O estado do Paraná, no entanto, já anunciou que deverá comprar 500 mil doses da vacina.

Para a infectologista Rosana Richtmann, do comitê de imunizações da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), o impacto da vacina na saúde pública vai depender diretamente do número de pessoas que vão se vacinar. Para ela, é pouco provável que somente a vacinação em clínicas privadas traga um impacto significativo. “Precisaria de uma cobertura muito elevada para observar esse impacto, o que acredito que não haverá na rede privada.”

A Dengvaxia é uma imunização recombinante tetravalente, para os quatro sorotipos existentes da doença. Ela poderá ser aplicada em pacientes de 9 anos a 45 anos, que deverão tomar três doses com intervalo de seis meses entre elas.

A aprovação da vacina pelo governo brasileiro ocorreu em dezembro de 2015. Estudos clínicos de fase 3 haviam apontado que, em uma população de 9 a 16 anos, a vacina é capaz de proteger 66% dos indivíduos contra a dengue.

Nesse grupo etário, a imunização é bem mais eficaz para quem já foi infectado por um dos quatro sorotipos do vírus. Quem já pegou dengue tem uma proteção de 82%. Enquanto isso, quem nunca pegou a doença tem apenas 52% de proteção garantida.

“66%, na visão de quem trabalha com saúde pública e de quem trabalha com imunização é um número bastante importante”, diz Rosana Richtmann. “O que precisamos é entender qual a população que vai ser priorizada, como vamos fazer essa vacina chegar à população. São três doses com intervalo relativamente grande entre elas: como vamos fazer isso na prática?”

A vacina foi produzida com um vírus vivo atenuado e possui em sua estrutura o vírus vacinal da febre amarela, que lhe garante estabilidade. Os testes envolveram 40 mil pessoas em 15 países, em uma pesquisa clínica que resultou em 25 estudos. No Brasil, cerca de 3.500 pessoas de cinco cidades participaram das etapas de testes.

Para a presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Isabella Ballalai, a vacina deve trazer benefícios do ponto de vista individual, mas a possível adoção da vacina de dengue pelo sistema público de saúde deve levar em conta fatores como a incidência da dengue nas diferentes localidades, a capacidade de se conquistar uma boa adesão e o custo da vacina.

“Com certeza, do ponto de vista individual, a vacina tem benefícios e acredito que para grande parte das regiões onde a doença é endêmica, ela pode ter um impacto”, diz.

Um dos maiores desafios em relação a uma possível vacinação em massa, segundo Isabella, deve ser em relação à adesão. A vacina da Sanofi é destinada a pessoas de 9 a 45 anos de idade. “Esta é uma faixa-etária super difícil de vacinar. Seria preciso avaliar qual a melhor estratégia para a campanha. Não seria um programa de fácil implantação.”

Vacina do Butantan

Até o momento, a vacina Dengvaxia é a única aprovada por órgãos regulatórios no mundo. Mas existem outras vacinas em estudo. A que está em fase mais avançada é a que foi desenvolvida em parceria entre o Instituto Butantan e os Institutos Nacionais de Saúde dos EUA (NIH), que já deu início à ultima fase de testes clínicos antes de ser submetida à Anvisa para registro.

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