Uma chuva de lágrimas pelo Pantanal

Uma chuva de lágrimas pelo Pantanal

Uma história triste de ser contada. Mas que deve ser relembrada a todo momento. Afinal, mexer na ferida é provocar uma dor latente. E precisamos dessa dor latente, sentida bem dentro do peito, para que se crie a coragem necessária para cobrar uma legislação de proteção e conservação desta riqueza natural que é o nosso Pantanal.

Precisamos dessa dor latente para valorizar o homem pantaneiro, figura que está integrada ao bioma e que convive harmoniosamente com a fauna e a flora local. Precisamos dessa dor latente para conscientizar nossa gente sobre o uso inadequado dos recursos naturais e o consumo desenfreado, que retroalimenta a obsolência programada.

Precisamos dessa dor latente para que nós, seres humanos, repensemos todos os dias o ambiente em que desejamos viver e oferecer ao próximo. Todos juntos, juntando os cacos de um lindo cristal que se quebrou em mil pedaços. Animais mortos ou machucados. Áreas que foram devastadas. E a comunidade pantaneira que sempre esteve ali, e que agora padece diante da cinza mazela.

Neste momento, sobra o pranto e falta o canto dos pássaros. Impossível não sentir o nó na garganta, por ter de admitir que o consumismo desenfreado está comprometendo o nosso futuro. O momento está passando. E o que vimos foi tanta unidade! Instituições privadas, públicas, entidades do terceiro setor, grupos de amigos, artistas e meros desconhecidos. Todos contribuindo financeira, física e moralmente.

Um mar de atitudes. Da identidade dos primeiros povos que ali habitavam até a chegada dos colonizadores, o povo pantaneiro. Quão belo este esforço grandioso para salvar este santuário ecológico mundial. Outros desafios e sofrimentos certamente virão. Espero que menores, para que a dor latente se ausente e se refaça em nós a esperança de um futuro mais consciente. Eu sou o Pantanal. E você?

*Vanice Marques é consultora em Negócios Turísticos.

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