“Um novo êxodo rural pode ocorrer na próxima década se políticas públicas não forem trabalhadas”, alerta pecuarista

“Um novo êxodo rural pode ocorrer na próxima década se políticas públicas não forem trabalhadas”, alerta pecuarista

O Cadastro Ambiental Rural (CAR) é um registro eletrônico em que o proprietário ou posseiro informa a situação ambiental do seu imóvel, que se tornou obrigatório com o novo código ambiental. Um mecanismo que em tese seria uma importante ferramenta, a garantir a regularização ambiental das propriedades, o que de fato pela morosidade na validação dos dados sem mostrou bastante ineficaz.

O CAR, que era para ser um simples formulário se transformou em uma armadilha para o produtor, como explica o pecuarista Márcio Vinicius Ribeiro de Moraes, por conta da instabilidade do sistema e a insegurança jurídica, pois é utilizado um banco de imagens e dados como referência da década de 70, que apresentam erros e divergências da realidade.

“Tem produtor que tem sua área aberta desde a primeira geração da família, que respeita sua reserva ambiental de 20% ou 35 %, e a imagem deste banco diz que a área não tinha sido aberta, e aí fica a palavra do produtor contra a palavra dos técnicos ambientais. E desta forma fica difícil para o proprietário provar, que sua exploração pecuária ou agrícola é feita de forma legal. É assim que a armadilha é instaurada, pois toda vez que o produtor realiza a comercialização de sua produção, seja vegetal ou animal, e mesmo buscar linhas de crédito juntos aos agentes financeiros será obrigatório a apresentação do CAR e também a Autorização Provisória de Funcionamento de Atividade Rural (APF)”, comentou.

Moraes pertence a uma segunda geração de pecuaristas, administra três propriedades nos municípios de Rondonópolis, Poxoréu e Juscimeira. Ele alerta para um estrangulamento da cadeia produtiva de alimentos por conta da legislação ambiental, e que vai afetar diretamente o consumidor e também mudar gradativamente o perfil das propriedades rurais.

“Hoje já trabalhamos com o preço reajustado da carne, do arroz e do feijão, além de outros produtos que vem do agro. Com esta atual legislação ambiental este custo vai aumentar ainda mais e vai chegar para o consumidor final, então se a nossa cesta básica está com um preço elevado hoje, isso tende a aumentar muito mais. Outra consequência grave que estamos observando, nas três cadeias produtivas, animal, vegetal e do leite são as vendas de propriedades de até 100 hectares, que estão a pelo menos quatro gerações no campo, pois não conseguem manter pelo alto custo das despesas e acabem vindo para a cidade”, completou.

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