Torcedores deficientes visuais participam de match day da Supercopa

André Borges/CBF

Torcedores deficientes visuais participam de match day da Supercopa

Muito mais do que assistir, um jogo de futebol é feito para se sentir. Não há nada mais mágico do que estar dentro de um estádio, acompanhar a vibração da torcida e deixar-se levar por uma paixão que não conhece fronteiras. Poucos torcedores sabem sentir o futebol tão bem, em todos os seus detalhes, quanto os que estiveram esta manhã no Estádio Nacional Mané Garrincha.

Um grupo de alunos do Centro de Ensino Especial de Deficientes Visuais visitou a arena antes do confronto entre Flamengo e Athletico Paranaense, pela Supercopa do Brasil. A ação teve a participação do Instituto de Defesa do Consumidor-Procon DF, como autarquia vinculada à Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejus-DF). Os torcedores puderam conhecer de perto cada canto do estádio, o vestiário, foram ao gramado, sentaram-se no banco de reservas e experimentaram um lado do futebol que ainda não conheciam.

Foi o caso de Daniel, de 18 anos. Acompanhado de Igor, seu padrinho, o jovem flamenguista mal conseguiu conter a emoção ao passar pelo mesmo caminho que seus ídolos percorreriam momentos depois.

– As pessoas não conseguem sentir a paixão dentro do estádio que nós deficientes sentimos. É uma grande satisfação viver isso, uma emoção muito grande, algo que nos traz boas vibrações. É uma forma muito boa de estarmos perto do nosso time e mostrar que o deficiente visual também é torcedor, da comunidade, que ajuda o time, incentiva nas redes sociais – descreveu.

Daniel entra em campo no Mané Garrincha
Créditos: André Borges/CBF

Um dos momentos mais aguardados pelo grupo de torcedores era a visita ao gramado. Depois de subir as escadas e chegar ao gramado, Viviane, de 23 anos, se ajoelhou. No palco do jogo, a jovem levou as mãos ao gramado e, com a ponta dos dedos, sentiu o campo. A textura da grama, o frio da irrigação, a fofura da terra: detalhes que fazem toda a diferença.

Quando entrou no vestiário, Viviane sentou-se no armário do goleiro Santos. Pouco a pouco, foi conhecendo o uniforme do jogador do Athletico. Primeiro, as chuteiras, seu couro e suas travas. Depois, a luva. Por fim, a bola do jogo, que a surpreendeu por uma característica inesperada.

– É muito diferente, tem coisa que eu não imaginava. Não achava que o campo era tão grande, a grama… E não imaginava que a bola do jogo era tão leve. É a primeira vez que venho ao estádio, que tenho o privilégio de estar tão próxima, conhecendo o campo, vestiário. É muito bom, uma ótima sensação – revelou.

Viviane com a chuteira do goleiro Santos na mão
Créditos: André Borges/CBF

Entre gritos, comemorações e risos, um som se destacou no grupo de torcedores que visitou o Mané Garrincha. Era o radinho de pilha de Pedro, de 11 anos de idade. Acompanhado pelo pai, Paulo Macedo, o menino carregava consigo o companheiro fiel na relação que construiu com o futebol.

É pelo rádio que Pedro consegue manter viva a paixão que tem pelo Flamengo, pela bola. Com ele, ouve tudo, acompanha o dia a dia do clube e acaba sabendo de tudo antes dos outros.

– Ele é fanático, sabe tudo do Flamengo, de todos os campeonatos. Geralmente coloco as imagens da TV e ligo o rádio, ficam os dois. É interessante porque, como o som do rádio chega primeiro, muitas vezes estamos no boteco e ele grita gol primeiro. Todo mundo fica sem saber o que é, aí é gol e todo mundo fica feliz. Ele ficou conhecido como profeta lá – contou o pai.

Nas costas de sua camisa do Flamengo, Pedro carregava o nome de Bruno Henrique. Mas o principal ídolo do menino no futebol não estava dentro de campo no Mané Garrincha. Companheiro de tantas jornadas esportivas, o apresentador Bruno Mendes, da Rádio Nacional, ganhou o carinho de Pedro, que através da voz dele e de outros radialistas, mantém acesa a paixão pelo futebol.

– Não é bom, é maravilhoso estar aqui, com meu radinho. Dentro do estádio, a gente sente a torcida, aquele povo vibrando e eu escuto tudo com meu radinho.

Pedro e seu inseparável rádio de pilha
Créditos: André Borges/CBF

Pedro e Paulo conhecem o vestiário do Mané Garrincha
Créditos: André Borges/CBF

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