‘Temos de reestabelecer nossa credibilidade com o Japão’, diz ministra

'Temos de reestabelecer nossa credibilidade com o Japão', diz ministra
Ministra participa de reunião do Cosag, na Fiesp, em São Paulo Ao participar da reunião do Cosag, ministra Tereza Cristina defende que Brasil precisa reestabelecer credibilidade na relação comercial com Japão

‘Temos de reestabelecer nossa credibilidade com o Japão’, diz ministra

Ao participar da reunião do Conselho Superior do Agronegócio (Cosag), na sede da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), a ministra Tereza Cristina (Agricultura, Pecuária e Abastecimento) destacou nesta segunda-feira (6) que o Brasil precisa reestabelecer a credibilidade na relação comercial com o Japão.

A ministra inicia hoje viagem de 16 dias por quatro países da Ásia: Japão, China, Vietnã e Indonésia.

“Vamos conversar sobre a abertura de alguns mercados, consolidação de mercado, aumento de mercado com os japoneses. Temos que reestabelecer a nossa credibilidade com o Japão. O Japão apostou no Brasil no passado e nós tivemos uma quebra de confiança, precisamos retomar isso. Eu acho que o Brasil está num bom momento de fazer mea culpa e trazer de volta os investimentos do Japão para o nosso país”, disse a ministra.

Confira a agenda da comitiva brasileira na Ásia

Durante a visita, a ministra vai discutir com as autoridades japonesas a abertura de mercado para material genético, abacate, estabilizantes, extrato de carne e carnes bovinas, como informou em entrevista à imprensa, em Brasília, na última sexta-feira (3).

Infraestrutura

Na reunião do Cosag, Tereza Cristina ressaltou que irá discutir acordos na área de infraestrutura na passagem pela China. A ministra informou que levará um portfólio preparado pelo ministro Tarcísio Gomes de Freitas, da Infraestrutura. Em ocasiões anteriores, a ministra alertou que o país necessita de mais portos, aeroportos, ferrovias e rodovias para superar o gargalo no escoamento da produção de pecuária e de grãos.

Ela relembrou que o Brasil tem oportunidade de ampliar o número de plantas frigoríficas autorizadas a exportar para os chineses, que já perderam pelo menos 20% do rebanho de suínos com surto da peste suína africana, Porém, destacou que o setor de produção de carne nacional deve estar unido.

“No setor de carnes, acho que é o momento ideal. Agora, fico muito triste quando eu vejo uma briga nos jornais por um mercado. Acho que roupa suja se lava em casa. Temos de nos juntar, resolver os problemas e levar o setor unido com as boas coisas que temos. Essa abertura de mercado se dará, mas com responsabilidade, maturidade e não acontecerá de uma vez. Acho que eles [chineses] não vão pegar 300 plantas [frigoríficas], mas a gente tem várias para mostrar. Acho que esse mercado vai sendo aberto, até por uma estratégia dos chineses, e que nós temos que compreender”, disse.

O Brasil tem 79 plantas de frigoríficos com possibilidade de serem habilitadas para exportar para a China. Em visita no ano passado, técnicos chineses vistoriaram 11 frigoríficos. Desses, um foi reprovado e dez tiveram de fornecer informações adicionais. Agora, os chineses solicitaram ao Brasil a lista dos estabelecimentos autorizados a vender para a União Europeia, que totalizam 33.

Além dessa lista, a comitiva brasileira levará dados sobre estabelecimentos inspecionados, mas que não são habilitados para a União Europeia; lista de produtores de suínos habilitados para outros mercados exigentes como Estados Unidos e Japão e produtores de bovinos, aves e asininos habilitados para outros mercados exigentes com exceção da União Europeia.

 Autocontrole

Tereza Cristina voltou a defender que a adoção do autocontrole pelas empresas para que o país consiga ampliar as exportações e alcançar mercados de países com controle rigoroso. No sistema de autocontrole, o empresário fica responsável pela qualidade do produto que fabrica e comercializa, e o Estado fiscaliza.

“Se não tivermos o sistema do autocontrole, não daremos conta. Não adianta!  Tem de ser bem pensado, bem implementado, as ações terão de ser conjuntas entre o setor público e o setor privado. A única maneira que o Brasil tem de aumentar e de exportar com a agilidade que a iniciativa privada precisa é com responsabilidade, mas teremos que mudar o sistema, senão não teremos perna para atender todas as demandas. O mercado chinês não é o único que nós temos que manter e aumentar. Não podemos ficar na mão de um só mercado”, afirmou.

 RenovaBio

A ministra informou que ao retornar da viagem à Ásia irá debater com o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, a implantação mais eficaz do Programa Nacional dos Biocombustíveis (RenovaBio), que tem o objetivo de reconhecer o papel estratégico dos biocombustíveis e impulsionar a produção de diferentes fontes de energia no Brasil.

“Quando voltarmos da China, vamos estar juntos arregaçando as mangas para fazer [deslanchar] esse mercado [sucroalcooleiro] tão importante. E temos visto a necessidade do RenovaBio para o setor e para o Brasil. Acho que é um assunto de ‘ganha-ganha’ para o setor empresarial e também para o governo brasileiro”.

Cerca de 180 pessoas participam da reunião do Cosag, na Fiesp, entre elas representantes do setor, prefeitos, deputados federais e do estado de São Paulo.

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