A Secretaria de Estado de Segurança Pública de Mato Grosso (Sesp-MT) iniciou, nesta segunda-feira (22.07), o 3º Simpósio Regional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas. O evento, que terá três dias de duração, contará com palestras, debates, dinâmicas e exposições sobre o tema. Realizado pelo Comitê Estadual de Prevenção e Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas (Cetrap-MT), o simpósio reúne participantes dos Estados de Mato Grosso do Sul, Goiás e Distrito Federal.
Durante a abertura do evento, o secretário adjunto de Segurança Pública, coronel PM Herverton Mourret, afirmou que muitas vítimas de tráfico de pessoas se tornam também vítimas de exploração sexual e citou um caso recente como exemplo que ocorreu fora do país.
“Boa parte das vítimas são mulheres, algumas recrutadas em cidades do interior para serem exploradas em capitais e até fora do país. No ano passado, nossa rede foi acionada porque uma mato-grossense estava sendo explorada na Itália. Era uma rede organizada, e o problema passou pelas fronteiras do estado brasileiro, o que exigiu a utilização de outros instrumentos de investigação. Acionamos a Polícia Federal e a Interpol”, lembrou.
O secretário também ressaltou o trabalho conjunto entre as instituições públicas e a sociedade civil para combater esses crimes. “Isso mostra a dimensão do problema, que não é facilmente visível. O próprio sistema de segurança pública enfrenta desafios para identificar esses casos, necessitando a articulação com instituições da assistência social, Defensoria Pública, Poder Judiciário, entre outros órgãos, inclusive a Assembleia Legislativa, para ajudar a difundir o problema e dar o tratamento devido a um tema tão importante para nossa sociedade. Precisamos também da informação produzida pela sociedade civil organizada para que denúncias possam chegar ao sistema policial e serem devidamente resolvidas”, ponderou.
O secretário adjunto de Direitos Humanos da Secretaria de Estado de Assistência Social e Cidadania (Setasc), Kennedy Dias, afirmou que muitas das vítimas podem ser pessoas próximas abordadas por suspeitos com falsas promessas de emprego e dinheiro fácil.
“Prometem dinheiro, dólar, mas, quando chegam lá, tomam o passaporte, tomam a documentação, e elas viram escravas. Parece que ficamos em nossa zona de conforto e não vemos que isso acontece todos os dias, bem debaixo do nosso nariz”, pontuou.
A coordenadora do Comitê de Enfrentamento e Prevenção ao Tráfico de Pessoas de Mato Grosso (Cetrap), Roberta de Arruda Chica, enfatizou a importância do simpósio. Segundo ela, o evento tem entre seus objetivos discutir o aperfeiçoamento para o acolhimento e atendimento às vítimas de tráfico de pessoas em suas diversas modalidades. “O tráfico de pessoas constitui uma forma moderna de escravidão e é considerada uma das atividades mais lucrativas do mundo, perdendo apenas para o tráfico de drogas e armas”, alertou.
O simpósio acontece entre os dias 22 e 24. Durante os três dias, serão apresentados o panorama do enfrentamento ao tráfico de pessoas e suas modalidades, a atuação dos órgãos de defesa, além de dinâmicas e exposições. No último dia, será assinada uma carta de compromisso para a prevenção e enfrentamento dessa prática criminosa.
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