Uma família em luto precisou cavar a sepultura de um jovem de 26 anos no cemitério municipal de Rio Grande da Serra, na região metropolitana de São Paulo, na tarde deste domingo (3), porque o coveiro não estava no local.
Segundo a auxiliar de enfermagem Maura Conceição da Silva, de 46 anos, mãe de Paulo da Silva Júnior, que morreu afogado na última sexta-feira (1°), a família e os amigos tiveram que improvisar uma cova no único cemitério da cidade, localizado na avenida Jean Lieutaud, e ainda tentaram cobrá-los por isso.
Segundo Maura, o corpo de Paulo só foi localizado e retirado da represa em que ele se afogou no sábado (2). Depois disso, foi levado para o IML (Instituto Médico-Legal) de Santo André.
A funerária contratada informou à família que o corpo não suportaria o velório, devido ao estado avançado de decomposição, e avisou que o enterro deveria ocorrer o mais rápido possível.
A administração do cemitério foi comunicada, e o responsável pelo local tentou realizar o velório mesmo assim, pois não havia sepultura pronta nem funcionário para abri-la.
Segundo a mãe, o cemitério informou que, para enterrar Paulo, eles teriam que desenterrar outro corpo. A família, então, juntou-se com os amigos e iniciou o trabalho de escavação do túmulo.
Nesse intervalo, segundo Maura, um funcionário esteve no local e disse que iria providenciar dois colaboradores para realizar a abertura da cova. Quando esses operários chegaram, porém, a família já tinha executado praticamente todo o trabalho.
Cobrança indevida
Um vídeo gravado por um parlamentar da cidade mostra o momento em que família e os amigos cavam o túmulo.
A mãe do jovem disse ainda que não sabe se no local onde ele foi enterrado já havia restos mortais de outra pessoa.
Erica Maria Aline, de 40 anos, vizinha da vítima, contou que ainda quiseram cobrar R$ 200 pelo serviço de enterro realizado pela própria família.
Já aconteceu outra vez
De acordo com a funerária, essa foi a segunda vez na mesma semana que não havia profissionais para o sepultamento. Os funcionários estariam com o salário atrasado e sem os materiais necessários para realizar o serviço.
A reportagem solicitou um posicionamento da prefeitura de Rio Grande da Serra, por meio de sua assessoria de imprensa, mas não obteve retorno até o momento.