Secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda, Mansueto Almeida apontou nesta quarta-feira (5) a reforma da Previdência como única maneira para o governo conseguir arcar com aposentadorias e pensões nos próximos anos. Sem ela, ele alertou durante debate em São Paulo, não há “mágica” capaz de resolver o déficit crescente do sistema, atualmente em R$ 149,7 bilhões.
O secretário ressaltou que os resultados positivos da proposta virão a longo prazo. Mas a aprovação da reforma sinalizará que o País é capaz de honrar seus compromissos, mesmo em um contexto de crise econômica. Para ele, mesmo com as mudanças propostas, o regime brasileiro continuaria sendo um dos mais generosos no mundo.
“É o momento adequado. Primeiro porque estamos atrasados e, segundo, que se não fizermos a reforma da Previdência, em contexto de grave desequilíbrio fiscal, o mundo vai ficar em dúvida sobre a solvência do País”, disse Mansueto, em debate realizado pela revista Istoé Dinheiro.
Teto de gastos
Com a aprovação da emenda à Constituição do teto de gastos, o governo não pode gastar mais do que arrecada. Dessa forma, em um cenário de “crescimento “explosivo” das despesas previdenciárias, é preciso aprovar a reforma para que outras áreas, como saúde e educação, não percam seus orçamentos.
Na estimativa do secretário, as despesas previdenciárias do País já são equivalentes a pelo menos 13% do Produto Interno Bruto (PIB), valor superior a países com população mais envelhecida. Segundo ele, mantendo-se a trajetória atual, esse gasto será de 20% do PIB em 2026.
Atualmente, a reforma da Previdência está sendo discutida por uma comissão especial na Câmara dos Deputados. Entre outros pontos, a proposta adota a idade mínima de 65 anos para homens e mulheres acessarem ao benefício.
Sinalização positiva
Presidente do Insper e ex-secretário da Fazenda, o economista Marcos Lisboa classificou a trajetória das despesas previdenciárias como “preocupante” e afirmou que o Brasil está atrasado em relação à implementação da reforma da Previdência.
"A reforma da Previdência é para o nosso bem, para o bem da sociedade", avaliou Lisboa, acrescentando que a reforma garantirá o recebimento das aposentadorias pelas futuras gerações.
Citando as recentes reformas econômicas do governo federal, Lisboa ressaltou a importância das reformas estruturais, como a da própria Previdência, para recuperar a confiança dos agentes econômicos e disse que esse efeito já começou a ser sentido na economia brasileira.