Seca no lago de Manso coloca em risco navegação e turismo

Seca no lago de Manso coloca em risco navegação e turismo

O baixo nível das águas no lago de Manso está dificultando a navegação e outras atividades na região, já que a vegetação, que não foi retirada quando da formação da barragem da usina, está à flor d´água, colocando em risco lanchas, barcos e jet-skis utilizados pelos moradores do entorno.

O assunto deve ser tratado em uma reunião a ser agendada pelo senador Wellington Fagundes (PL-MT) entre os moradores do entorno do lago e Furnas Centrais Elétricas S/A, responsável pela represa e a usina de Manso.

“Estive visitando a região e também fiquei impressionado com o nível baixo das águas”, diz o parlamentar.

Nem mesmo as chuvas, que se registram neste período do ano em Mato Grosso e região, têm sido suficientes para restabelecer o nível normal do lago. Moradores da região se mostram surpresos. “Em 20 anos que moro aqui, nunca vi o lago tão seco como agora”, diz Michel Libos, dono de uma pousada e de um loteamento. Segundo ele, o baixo nível da reserva exige muito cuidado de quem se arrisca a navegar. Além disso, ele relata os ataques de piranhas, registrados em várias regiões do lago e que têm afastado os turistas. “Poucos se arriscam a tomar banho nas águas de Manso”, conta.

Michel aponta Furnas Centrais Elétricas S/A, subsidiária da Eletrobras e vinculada ao Ministério das Minas e Energia, que administra a usina de Manso, como responsável pela situação. “Essa vegetação deveria ter sido retirada quando da formação do lago, ainda na década de 1990”, diz. Segundo ele, a negligência de Furnas também gerou, como consequência, a mortandade de peixes em decorrência da decomposição da vegetação. “Hoje, temos esses galhos e troncos à mostra. Não temos mais peixes, a não ser piranhas, que atacam os banhistas”, diz.

Outro pioneiro da região, Pedro Mura, também diz que nunca viu o nível da água tão baixo como agora. “Essa vegetação deveria ter sido retirada. Meu pai já sofreu acidente com a lancha por causa de um tronco”, diz.

Ele aponta as marcas d´água nas margens e conta que já viu o lago muito mais cheio do que hoje. “Eu vi esse lago se formar e não me lembro de ter visto ele tão baixo, assim. Pedras, troncos e galhos que não apareciam, agora estão à flor d´água”, conta.

A área do reservatório atinge 427 km² nos municípios de Chapada dos Guimarães e Nova Brasilândia. Hoje, pelo menos 3 mil pessoas dependem do lago de Manso para sobreviver e a região se transformou em um grande pólo de atração de investimentos imobiliários, de piscicultura, esportes aquáticos e turismo.

Outro assunto que deve ser tratado na reunião entre os moradores e Furnas diz respeito às ações judiciais que a empresa vem movendo para a retirada de obras e outras benfeitorias feitas no entorno do lago. Furnas alega que muitas dessas edificações desrespeitaram o limite de alagamento do lago e precisam ser demolidas.

“Estamos aqui há 20 anos. Alguns, há mais tempo e esse assunto nunca foi discutido com os moradores”, diz Michel Libos.

Por email, a assessoria de imprensa de Furnas não respondeu sobre as acusações feitas pelos moradores.

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