Projeto leva esclarecimentos sobre violência doméstica e serviços a mulheres no Pedra 90

Projeto leva esclarecimentos sobre violência doméstica e serviços a mulheres no Pedra 90

A Delegacia Especializada de Defesa da Mulher de Cuiabá lançou nesta quinta-feira (03.12) o projeto DEDM Solidária de apoio a mulheres vítimas de violência doméstica. O objetivo é levar a iniciativa a localidades que concentram maiores índices de ocorrências com mulheres vítimas de violência ou localidades de difícil acesso, onde a mulher possui dificuldade de buscar ajuda dos organismos de segurança e assistência social do Estado.

A ação foi criada como parte da mobilização 16 dias de Ativismo pelo Fim da Violência Contra a Mulher. O bairro escolhido para inauguração do projeto foi Pedra 90, em razão do número populacional de mulheres e o índice de ocorrências, conforme o Anuário Estatístico da DEDM. De acordo com o anuário, no ano passado houve o registro de 102 ocorrências de crimes relacionados a violência doméstica no bairro, o que representa 3,44% dos 3.022 procedimentos atendidos durante todo o ano de 2019 na Delegacia da Mulher de Cuiabá.

DEDM Solidária

Na Associação Coxipoense de Deficientes (ACD), parceira do projeto, a equipe da Delegacia da Mulher conversou com o público presente, passou informações sobre violência doméstica e orientações. Ao final foram distribuídas cestas básicas e kits de higiene e limpeza.

O projeto DEDM Solidária compreende um conjunto de serviços e benefícios oferecidos à população do bairro visitado pela equipe da unidade especializada.

De acordo com a delegada Jozirlethe Magalhães Criveletto, o projeto visa levar esperança às mulheres. “O momento exige que, além de tratarmos da violência, tenhamos a sensibilidade de levar motivação para que todas as mulheres possam refletir e concluir que elas são capazes, que podem escolher seu destino e que podem mudá-lo para melhor, se assim desejar. No período de pandemia, é necessário que além do conhecimento sobre a lei Maria da Penha, elas tenham a oportunidade de conhecer melhor os meios de desenvolvimento de sua autoestima, os recursos que pode utilizar para se automotivar. Para isso, o projeto levou uma palestra motivacional às mulheres, com a ajuda de uma profissional de psicologia”, esclarece a delegada.

Após as dinâmicas no evento, foram distribuídos kits de cartilhas com máscaras e um lanche para que as participantes tenham a oportunidade de visitar o cabide solidário, o qual é montado no próprio evento, composto de roupas seminovas doadas por voluntárias para o projeto. Ao final, as participantes recebem doações de cestas básicas.

No Pedra 90 foram distribuídas mais de 250 peças de roupas, 100 cestas básicas e 50 kits de higiene/limpeza, além de lanche para a população presente, de aproximadamente 100 pessoas.

O lançamento do projeto contou com a parceria da Associação Coxipoensse dos Deficientes, Polícia Comunitária, pessoas físicas que doaram alimentos e roupas e o Grupo Assaí, que doou cestas básicas.

Anuário Estatístico

Dez bairros de Cuiabá concentram 20% das ocorrências de violência doméstica atendidas pela Delegacia Especializada de Defesa da Mulher da Capital (Dedm). Os dados constam no 3o Anuário Estatístico 2020 da DEDM Cuiabá, que traz o perfil das vítimas atendidas na delegacia durante 2019, com base nas informações coletadas pela equipe de atendimento.

Os bairros com maior número absoluto de registros criminais de violência doméstica são o Pedra 90, com 102 ocorrências, seguido pelo Dr. Fábio, Dom Aquino, Tjucal, Jardim Imperial, CPA 3, Nova Esperança, Centro Sul, CPA 4 e Parque Cuiabá.

A delegada titular da Dedm Cuiabá, Jozirlethe Magalhães Criveletto pontua que embora os dez bairros citados concentrem a maior parte das ocorrências, há registros na maioria da cidade. “Isso não significa que não tenha havido ocorrências em outros bairros que não aparecem nas estatísticas. A violência está pulverizada e em todas as camadas sociais”, explica ela.

Perfil das vítimas

A maioria das mulheres vítimas de violência e que busca o atendimento da Delegacia da Capital está na faixa de idade entre 35 e 45 anos, o que corresponde a 30,5% delas, seguida pela faixa de etária dos 30 aos 34 anos. São mulheres jovens, que buscam auxílio para sair do ciclo da violência e muitas vezes necessitam de uma ocupação com rendimento financeiro para conseguir superar a situação violenta.

“São mulheres que vivem em uma situação de dependência financeira e que necessitam de assistência para buscar uma reprogramação e recomeço de sua vida, sem depender economicamente do ex-parceiro”, destaca Jozirlethe.

A Delegacia da Mulher não é apenas o lugar onde a mulher agredida, submetida a abusos e violência de todas as formas vai em busca de atendimento para a repressão ao crime sofrido. É o lugar onde elas buscam acolhimento e amparo para recomeçar. “A delegacia também procura trabalhar ações que possam auxiliar as vítimas nesse sentido, mas é fundamental que a rede de acolhimento, com todos os órgãos, funcione amplamente em todo os pontos de atenção”, pontua a delegada.

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