Profissionais capacitados para combater incêndios em propriedades rurais ajudam a minimizar os prejuízos

Divulgação

Profissionais capacitados para combater incêndios em propriedades rurais ajudam a minimizar os prejuízos

Com a chegada do período de seca, também chega a preocupação dos produtores rurais com os incêndios e as queimadas. Com o objetivo de minimizar os prejuízos e evitar o fogo, os produtores rurais mato-grossenses se unem para capacitar profissionais que vão atuar no combate às queimadas e aos incêndios nas propriedades rurais.

Para Anísio Amorim Leite, produtor de soja e milho no município de Nova Mutum, 2017 foi um ano de muito prejuízo. Ele conta que sua propriedade fica à beira de uma estrada bastante movimentada e, isso tornou ainda mais difícil evitar os incêndios.

“Nós tivemos pelo menos quatro situações, onde o fogo ficou praticamente incontrolável. Fizemos um grupo no whatsap para um ajudar o outro nas situações de emergência. Passamos pelo menos três meses de tensão. Na nossa região foram mais de 15 incêndios com grandes prejuízos”.

O produtor explica ainda que a maioria das propriedades rurais não possuem profissionais capacitados e qualificados para atuarem numa situação de emergência. “Temos que formar brigadas bem treinadas”, enfatiza. Segundo ele, a ação tem que ser rápida porque em Mato Grosso, geralmente, nesta época do ano, o vento é forte e a umidade é muito baixa. “O perigo fica ainda maior porque é tempo de colheita e a palhada do milho se torna um perigo constante”.

Ele conta ainda que quando o fogo começa, se e espalha rapidamente e se os colaboradores não estiverem bem preparados e souberem como agir acaba virando uma confusão e o prejuízo pode ser ainda maior. “Já vi tratores sendo queimados e diversos outros tipos de acidentes causados por falta de experiência para combater o fogo em situação de emergência”, conta o produtor Anísio Amorim Leite.

21728123_1209577555811205_7027838183463934390_n

Em 2016, em função de grande demanda dos produtores rurais, o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Mato Grosso (SENAR-MT), foi credenciado pelo Corpo de Bombeiros e autorizado a oferecer formação de Brigada de Incêndio. Com isso, a instituição de ensino formatou o treinamento Formação de Brigada de Incêndio. Desde então, a demanda por este curso tem crescido consideravelmente a cada ano.

Em 2018 a instituição já realizou mais de 20 treinamentos nesta área e para maio, estão previstos mais 10.

Em parceria com os Sindicatos Rurais, neste mês o SENAR-MT realiza treinamentos de Formação de Brigadas de Incêndio nos municípios de Campo Novo do Parecis, Canarana, Gaúcha do Norte, Ipiranga do Norte, Lambari D’Oeste, Mirassol D’Oeste, Paranatinga, Ribeirão Cascalheira e Vera.

Além deste, o SENAR-MT também oferece o treinamento Prevenção do Controle do fogo na Agricultura e a palestra sobre queima controlada.  Com carga horária de 24 horas, o treinamento tem como objetivo realizar as técnicas de prevenção e combate ao princípio de incêndio na agricultura, seguindo as recomendações técnicas e normas de segurança.

Os interessados em formar profissionais para atuar neste setor devem procurar o Sindicato Rural de seu município para verificar se há turmas previstas e se há vagas.

SONY DSCDivulgação

 

De acordo o pesquisador Alberto Setzer, do Instituto de Pesquisas Espaciais (Impe), responsável por coordenar o monitoramento de queimadas no país, a estiagem prolongada em boa parte dos estados e a ausência de fiscalização estão entre as principais causas da propagação do fogo.

Segundo ele, com a ausência de chuva em vários estados, o fogo se alastra com mais rapidez e atinge áreas maiores deixando um rastro de tragédia. Segundo Setzer, em Mato Grosso, em 2017 o decreto proibindo queimadas teve o período estendido, mas mesmo assim, o Estado ainda registrou 44 mil focos de calor no ano passado.

20663997_1578027738916861_2310981702934411353_n

O professor Guido Assunção Ribeiro, Doutor em Ciências Florestais, especialista em controle de incêndios florestais da Universidade Federal de Viçosa (UFV) e coordenador do Curso de Formação e Treinamento de Brigada de Incêndio Florestal, explica que o fogo no meio rural pode ser caracterizado sob dois aspectos: como um evento casual, com uma forte característica de imprevisibilidade para o proprietário ou para o responsável pela administração da área e como um instrumento de manejo do solo, denominado de queima controlada. Sob o aspecto legal, ele pode, ainda, ser classificado como incêndio florestal doloso ou culposo.

Ele destaca ainda que o incêndio doloso é aquele planejado pelo agente causador, com a intenção explícita de provocar danos a terceiros. É um crime conforme previsto na legislação ambiental e, portanto, sujeito às penalidades civis e criminais.

O incêndio culposo não se caracteriza um crime, embora o causador tenha a responsabilidade civil pelo ocorrido, à semelhança de uma queima controlada mal realizada.

O fogo, enquanto queima controlada e, portanto utilizado como uma técnica, deve ter um planejamento prévio onde, presumivelmente, os aspectos diretamente relacionados com o seu comportamento deveriam ser considerados, como o clima, o material combustível e todas as suas variações, a topografia, as técnicas de ignição, as ferramentas e equipamentos apropriados na sua aplicação, dentre outros.

Ricardo Franco Queimadas-2053Divulgação

O conceito de queima controlada é muito amplo e vai além do simples fato de circunscrever o fogo em uma área, por meio de um aceiro. Esse é um dos mais graves problemas de emprego do fogo para o manejo do solo. Atualmente, não se utiliza qualquer critério técnico, que tenha relação com o comportamento do fogo, para se permitir a queima controlada.

Em ambos os casos, ou seja, no incêndio florestal ou na queima controlada, o brigadista tem um papel fundamental no controle do fogo. Ele se torna o responsável pela minimização dos seus efeitos maléficos, em todos os componentes do ambiente, uma vez que sua atuação deve ocorrer de forma rápida e precisa, sem descuidar de sua segurança pessoal.

Para que isso ocorra, o brigadista deve estar preparado para trabalhar em equipe, ter uma noção dos processos da combustão e do comportamento do fogo, conhecer e aprender a usar as ferramentas, os equipamentos e produtos de combate ao fogo, conhecer as técnicas de combate, ter noção da legislação ambiental relacionada com o fogo, ter noção de primeiros socorros e conhecer os equipamentos de proteção individual.

+ Acessados

Veja Também