Produtores de Mato Grosso mostram que é possível fazer MIP em grandes áreas

Produtores de Mato Grosso mostram que é possível fazer MIP em grandes áreas

Produtores de Mato Grosso mostram que é possível fazer MIP em grandes áreas

Os produtores Otávio Tissiani, de Nova Mutum (MT) e Paulo de Oliveira Neto, de Vera (MT) demonstraram que é possível e rentável fazer manejo integrado de pragas (MIP) em grandes áreas de lavoura. Eles apresentaram suas experiências durante a feira Show Safra BR 163, realizada em Lucas do Rio Verde (MT).

Em uma mesa redonda mediada pelo pesquisador da Embrapa Agrossilvipastoril Rafael Pitta, os produtores ajudaram a desmistificar a ideia de que MIP só dá certo em áreas pequenas e experimentais.

Otávio iniciou mostrando dados que monitorou na safra 2013/2014, período em que o surgimento da lagarta Helicoverpa armigera causou grande preocupação nos produtores. Naquela safra, o monitoramento de 600 hectares de lavoura de soja fez com que a primeira aplicação de inseticida fosse feita 60 dias após a semeadura.

“No monitoramento eu via muitos insetos na lavoura, mas poucos deles era insetos-praga”, relata.

Ao fim da safra, com menor número de pulverizações de inseticidas, foi possível colher as mesmas 65,5 sacas que em outro talhão com a mesma cultivar de soja, porém com uma economia de R$ 97 por hectare. Foram R$ 58.200 de economia graças ao monitoramento, de acordo com o produtor.

Otávio explica que a maior dificuldade na implantação do MIP é a opinião de terceiros, que não acreditam na técnica, criticam e geram uma pressão psicológica no produtor. Para minimizar esse problema, ele recomenda que se inicie o trabalho em uma pequena área, para que possa ir aprendendo aos poucos e ganhando mais confiança. Outra dica é que se busque informação em livros, com agricultores com experiência na técnica e com uma consultoria de confiança.

“O MIP não pode ser enfiado em uma fazenda. O produtor tem que demonstrar vontade e interesse. Ele precisa de um consultor, alguém que possa orientá-lo. Tem que ser alguém que passe confiança, pois no fim, envolve dinheiro”, analisa Otávio.

O produtor também sugere que a tomada de decisão seja baseada nos dados coletados na lavoura e feita em conjunto entre pragueiro, consultor e o produtor, como forma de aumentar a segurança e reduzir o ímpeto de pulverizar por medo.

“Tudo que a gente faz em grande escala, temos medo de errar a mão. Mas se não der para fazer no modo ótimo, que se faça no modo bom. Ajuste os níveis de controle para sua necessidade. Ainda assim terá bons resultados”, afirma Otávio.

A experiência de Paulo de Oliveira Neto iniciou em um estágio que fez em uma grande propriedade. Em um talhão de 90 hectares ele conseguiu economizar R$ 88,14 por hectare fazendo o MIP, obtendo, inclusive, produtividade superior à área de referência.

O aprendizado no estágio foi levado para a propriedade da família, onde já chegou a passar a safra 2016/2017 sem qualquer aplicação de inseticida em alguns talhões de sua lavoura. Graças ao monitoramento, pôde ver que as pragas estavam presentes em níveis abaixo daqueles em que começam a causar danos. Outra observação é que muitas delas se encontravam debilitadas devido ao ataque de inimigos naturais, muito mais numerosos em áreas com MIP.

Os dois produtores mostraram que para chegar no manejo que utilizam atualmente eles fizeram experiências menores antes de ampliar a área com MIP. Além de ganhar confiança na tecnologia, eles foram adaptando o os níveis de controle e as tomadas de decisão de acordo com as características da lavoura, as condições climáticas, a disponibilidade de mão-de-obra e de maquinário, entre outras questões.

Para o pesquisador Rafael Pitta, não existe manejo certo ou errado. O que o MIP mostra é que é possível fazer de uma maneira mais barata sem ter perdas de produtividade.

“Mesmo nos níveis mais baixos de controle, vimos, pelos dados apresentados, que em poucos casos esses níveis foram atingidos. Isso mostra o quanto estamos desperdiçando dinheiro em aplicações desnecessárias”, analisou o pesquisador.

Rafael Pitta ainda chamou a atenção para o fato de a economia gerada pelo MIP custear facilmente a contratação de um técnico agrícola para fazer o monitoramento das pragas na lavoura e ainda ajudar em outras tarefas na propriedade.

Respondendo a uma pergunta da plateia, Otávio e Paulo disseram que pela experiência deles, um profissional é capaz de monitorar de 1.500 a 2.000 hectares.

MIP

O manejo integrado de pragas consiste no monitoramento contínuo da lavoura e do sistema produtivo a fim de conhecer e quantificar a incidência de pragas e seus danos. De acordo com a incidência, é tomada a decisão sobre a necessidade ou não de adotar o controle, bem como sobre qual estratégia deve ser usada neste controle.

Entre as estratégias usadas no MIP estão o controle varietal, com uso de materiais genéticos resistentes ou tolerantes a determinada praga, o controle biológico, com uso de inimigos naturais, como vírus, bactérias e outros insetos, controle comportamental com uso de feromônios e ainda o controle químico. Para introduzir o monitoramento, o MIP utiliza ferramentas como armadilhas luminosas, de solo ou de feromônio, panos de batida, além da observação nas plantas.

Show Safra BR 163

O Show Safra BR 163 começou na última terça, dia 26, e vai até esta sexta-feira, dia 29. A Embrapa é uma das expositoras da feira, levando ao público tecnologias para sistemas integrados, como consórcios forrageiros, plantas de cobertura e novas cultivares de arroz, soja, feijão-caupi e braquiárias.

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