Prêmio reconhece boas experiências de profissionais da atenção primária à saúde

Prêmio Atenção Primária à Saúde Forte - Foto: EBC

Prêmio reconhece boas experiências de profissionais da atenção primária à saúde

O Ministério da Saúde anunciou nesta terça-feira (29) os três vencedores do prêmio “Atenção Primária à Saúde Forte – Acesso Universal”. As experiências premiadas são adotadas por profissionais de área para fortalecer a atenção primária e melhorar o atendimento ao cidadão que busca o Sistema Único de Saúde (SUS). O prêmio tem a parceria da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas).

Foram premiadas experiências com trabalhos em municípios com finalidade de prevenir a gravidez na adolescência, zerar a fila de atendimento em unidades de saúde e possibilitar interação entre os serviços de saúde e de educação.

O secretário da Atenção Primária à Saúde, Erno Harzheim, destacou que atenção primária é uma área prioritária por ser a porta de entrada do cidadão no sistema de saúde e estar mais próxima das pessoas. Segundo ele, o prêmio valoriza as iniciativas de profissionais que se empenham na busca de estratégias para melhorar o atendimento à população nessa etapa.

“Nossa preocupação principal é com as pessoas. Se elas não acessam a unidade de saúde, não participam pela porta que organiza o sistema que é a atenção primária”, disse Erno. E completou. “A gente vai levar essas experiências para as outras cidades brasileiras, vai divulgar elas, vai dar reconhecimento para elas, a fim de que um município, uma equipe aprenda com a outra, e a gente possa ter mais boas práticas difundidas no Brasil”.

Atenção à gravidez precoce

O alto número de adolescentes à procura de pré-natal nas unidades de saúde em Abaetetuba (PA) despertou o alerta na enfermeira Kellen da Costa Barbosa, que atualmente está na coordenação de atenção básica do município. “Muitas menores de 14 anos já estavam em sua segunda gestação. Alguma coisa precisava ser feita”, informou.

Foi aí que, em 2018, surgiu o projeto “Menina de laço de fita: a ternura como essência, a luta como princípio e o empoderamento como estratégia para a cidadania”, elaborado por Kellen e outros profissionais.

Uma das medidas tomadas foi a qualificação dos profissionais de saúde para atendimento à situação de gravidez precoce. “Melhoramos nosso acesso ao pré-natal, garantimos 100% de testagem rápida para o vírus HIV, Hepatite C e D, e Sífilis. Implantamos em 100% das unidades o pré-natal do parceiro, intensificamos o acesso a uso de métodos contraceptivos”, explicou Kellen.

O projeto de melhorar o atendimento na saúde básica foi ampliado e hoje não se restringe ao foco da gravidez na adolescência. “Conseguimos fazer com que nossas 20 portas de acesso à atenção primária fossem portas mais éticas, mais solidárias e mais capazes de dar efetivação aos problemas que a população encontrava”, contou a coordenadora.

Projeto para zerar a fila de espera por atendimento

Outro vencedor do prêmio foi o projeto “Papel do protocolo da enfermagem no processo de acolhimento e primeira consulta para zerar as filas na atenção primária em saúde”, em Jaraguá do Sul (SC).

Uma das autoras, Silvia Regina Curti, explicou que o projeto começou em 2018 a partir do novo protocolo de enfermagem adotado na rede pública de saúde do município. O protocolo estabelece que é o enfermeiro ou equipe de enfermagem que prestam o primeiro atendimento para, se necessário, encaminhar ao médico

O fortalecimento do papel da enfermagem na atenção primária permitiu que o objetivo do trabalho já fosse alcançado, e a fila de espera, zerada, de acordo com Silvia Regina. “Nós tínhamos na atenção primária mais de 12 mil pacientes aguardando para primeiro atendimento na atenção básica. Vimos nos protocolos uma oportunidade e começamos todo um trabalho de articulação junto às outras diretorias da rede e com a comunidade onde usamos as redes sociais para nos comunicarmos”, explicou.

Silvia Regina contou que ao longo do trabalho não só o profissional de enfermagem foi envolvido no projeto, mas toda a equipe multidisciplinar de atendimento da atenção primária.

Atendimento a crianças com dificuldade de aprendizado

O grande número de crianças encaminhadas para unidades de saúde com sintomas pouco detalhados e com relatos de dificuldades escolares resultando em alguns diagnósticos precipitados de déficit de atenção levou profissionais de saúde da região da comunidade do Salgueiro, no Rio de Janeiro, a se aproximarem do ambiente escolar para identificar melhor os problemas dos estudantes.

Começou então, em 2017, o projeto “Os desafios da implementação de ações em promoção de saúde no cenário escolar: relato de experiência de um grupo de crianças no Salgueiro”, que também venceu o prêmio do Ministério da Saúde.

 “Pudemos desenvolver atividades lúdicas e de maior aproximação com elas [crianças], conhecer melhor o comportamento delas, a forma como interagem umas com as outras, e isso pode aprimorar bastante nosso cuidado com essas crianças e famílias”, relatou a médica de família e comunidade Vitória Pereira.

 Além de trabalhar em grupos com crianças, os profissionais do Centro Municipal de Saúde Heitor Beltrão também formaram um grupo com pais onde são discutidos cuidados com os filhos e outros temas relacionados à família.

 Premiação

Ao todo, 1.294 experiências foram enviadas por todos os estados para concorrer ao prêmio. Para a etapa final foram 11 finalistas. Os projetos foram selecionados por um júri formado inicialmente por técnicos e depois por profissionais da área de saúde e jornalistas.

Representantes das experiências vencedoras vão à Espanha conhecer o trabalho da Escola Andaluza de Saúde Pública. Localizada em Granada, a escola tem avanços importantes na saúde primária.

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