Prédio ocupado por 120 família pega fogo e desaba em São Paulo

Mike Alves

Mike Alves

Prédio ocupado por 120 família pega fogo e desaba em São Paulo

Edifício de 24 andares desabou durante um incêndio de grandes proporções no Largo do Paissandu, no centro de SP, na madrugada desta terça-feira, 1º. Outro imóvel e uma igreja também foram afetados.

Ao menos 120 famílias viviam irregularmente no imóvel que desabou, informou o Corpo de Bombeiros.

A corporação ressaltou que o prédio já havia passado por vistoria, na qual foram relatadas as péssimas condições do local às autoridades do município.

O imóvel era uma antiga instalação da Polícia Federal e depois foi ocupado por moradores.

O incêndio começou por volta de 1h30 no prédio de 24 andares, que fica no centro da cidade. Em nota, a Prefeitura lamentou o acidente ocorrido.

Equipes da Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social estão no local desde as 3 horas da manhã para dar acolhimento às pessoas desalojadas.

Já foram cadastradas 248 pessoas, de 92 famílias. Elas receberam alimentação e foram encaminhadas para abrigos municipais.

Segundo o secretário municipal de Segurança Urbana, coronel José Roberto Rodrigues, de quatro a cinco prédios foram interditados no entorno do edifício que desabou.

Há alguns minutos, bombeiros entraram no prédio na frente, também atingido pelo fogo, para apagar o novo foco, que já foi controlado. Vidros foram quebrados para o vento circular dentro da edificação.

Segundo o coordenador do Movimento Luta por Moradia Digna (LMD), Ricardo Luciano, o fogo teria começado após uma briga ocorrer entre moradores do 5º andar.

De acordo com ele, de 80 a 150 crianças viviam no local. “O intuito do movimento é que as famílias consigam uma moradia digna”, disse Luciano.

Segundo ele, havia imigrantes, mas a maioria dos moradores eram brasileiros. “Se tiver que ocupar outro prédio abandonado sem função social a gente vai ocupar sim para colocar essas famílias”, reforçou o coordenador do Movimento Luta por Moradia Digna (LMD), Ricardo Luciano.

Presidente Michel Temer chega ao local do desabamento. Ele estava na residência em SP. Segundo ele, como estava em São Paulo, não poderia deixar de vir ao local. Falou rapidamente com os jornalistas e já deixou o centro sob protestos.

Michel Temer confirmou que o prédio que desabou é da União. O presidente ressaltou que o Governo Federal dará suporte às vítimas.

Segundo o Corpo de Bombeiros, o homem que caiu do prédio em chamas durante o desabamento ainda é considerado desaparecido. A corporação ainda busca por outras vítimas.

Bombeiros fazem trabalho de rescaldo e remoção dos escombros. “Tudo isso precisa ser feito com muito cuidado porque há a possibilidade de pessoas estarem aí, sob os escombros”, diz Mágino Alves.

Em entrevista à Rádio Eldorado, o porta-voz do Corpo de Bombeiros, Marcos Palumbo, confirmou, mais cedo, que uma pessoa morreu durante o desabamento do prédio em chamas.

A vítima estava sendo resgatada por uma corda pelos militares quando a estrutura do prédio desabou.

Os militares abriram um acesso pelo edifício vizinho e a vítima já estava pronta para sair quando toda a estrutura colapsou.

A corda que prendia a vítima se rompeu e ela caiu. A vítima não foi encontrada, mas agora os bombeiros trabalham com a hipótese dela estar desaparecida. Um bombeiro também ficou ferido durante o desabamento, mas passa bem.

Pelo menos outras duas pessoas também estão desaparecidas, mas o número pode aumentar.

Durante a entrevista, o porta-voz do Corpo de Bombeiros ressaltou que o prédio já havia passado por vistoria, na qual foram relatadas as péssimas condições do local às autoridades do município.

Em um segundo momento, o objetivo é apurar quais autoridades receberam as informações sobre as condições do prédio.

De acordo com a corporação, os compartimentos entre os andares eram divididos por madeira, o que ajudou a propagar as chamas.

O Corpo de Bombeiros afirmou ainda que era muito difícil entrar no local para verificar as condições do edifício, em razão da resistência dos ocupantes irregulares.

O governador de São Paulo, Márcio França, também está no local para acompanhar o trabalho de resgate.

França destacou que no quadrilátero, onde aconteceu o incêndio, há 8 prédios. Na cidade de São Paulo, segundo ele, há mais de 150 prédios ocupados indevidamente, mas não há balanço exato da quantidade de pessoas que vivem nos imóveis.

Alguns são particulares e o Estado não pode tirar.

“É uma briga judicial o tempo todo. O que temos que fazer é convencer as pessoas a não morar desse jeito”, afirmou.

Durante entrevista à GloboNews, o governador de SP acrescentou que o Estado está apoiando a Prefeitura e as famílias estão sendo encaminhadas para abrigos.

“Vamos fornecer o apoio necessário. Depois, se elas quiserem, as famílias terão direito ao aluguel social. A gente paga enquanto elas não encontram um lugar para elas”, disse França.

O prédio que desabou tinha mais de 20 andares e era uma antiga instalação da Polícia Federal. Segundo comerciantes do entorno, o local era ocupado ilegalmente.

Antes de ruir, algumas pessoas pediam socorro no último andar. As chamas começaram no quinto andar, alastrando-se rapidamente para os níveis superiores.

De acordo com o tenente André Elias, 60 viaturas e 170 homens do Corpo de Bombeiros trabalham no local.

A Defesa Civil Estadual está no local e realiza cadastramento de todas as famílias que poderiam estar no prédio no momento do incêndio.

De acordo com a prefeitura, 8 prédios do entorno têm ocupações. Segundo o prefeito, em toda a cidade de São Paulo há pelo menos uma centena de prédios invadidos. Ele reforçou que a prefeitura tenta desestimular as ocupações irregulares.

Ainda na entrevista coletiva, ao falar sobre as ações da prefeitura no local, Covas disse: “A Prefeitura fez o limite do que poderia fazer. Não podemos obrigar as pessoas a sair”.

Comerciantes da região relatam correria nas ruas, com clientes deixando hotéis vizinhos às pressas. As testemunhas dizem que quebraram vidraças, espalhando-se rapidamente pelos andares e atingindo os prédios vizinhos.

“Eu estava em horário de serviço e escutei várias pessoas gritando, barulho de vidros caindo.

Quando fui ver o que era, as ruas, que estavam desertas, ficaram cheias de pessoas desesperadas”, disse o recepcionista Flávio Gabia, que trabalha em um hotel no Largo do Paissandu.

Segundo ele, vários clientes deixaram o estabelecimento quando viram o incêndio. Um hotel ao lado dos edifícios em chamas também foi esvaziado e interditado.

Devido ao combate às chamas, a CET interditou o trecho entre a Avenida Rio Branco e a Rua Antônio de Godói e recomenda aos motoristas que evitem passar pela região do Largo do Paisandu. Três quarteirões estão fechados.

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