Polêmico, balizador de frete criado em MT desagrada agricultores

Redação PH

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Polêmico, balizador de frete criado em MT desagrada agricultores

A criação de uma tabela para balizar o preço do frete em Mato Grosso, proposta pelas associações e entidades que compõem o setor de cargas, desagradou a classe produtora. Agricultores estimam custos maiores e projetam despesas médias 25% superiores para o escoamento da produção agrícola. Os novos valores já entram em vigor na safra 2015.

A chamada tabela balizadora servirá como um referencial para as empresas, além dos motoristas que trabalham de forma autônoma, ao negociar as tarifas a serem praticadas neste ano.

"Vemos com batante preocupação essa criação do balizador, uma vez que toda cadeia trabalha dentro de um mercado livre, dentro de preços que oscilam naturalmente, de acordo com a oferta e a demanda. Agora, um elo da cadeia querer tabelar preços ela, no mínimo, vai estar em desacordo com o restante da cadeia. Vai trazer consequências que fatalmente vão atingir o produtor rural. É no preço da soja, do milho que um aumento de frete acaba refletindo imediatamente", disse ao G1 o presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), Ricardo Tomczyk (assista a entrevista com o presidente da Aprosoja clicando no vídeo ao lado).

De acordo com a tabela, na rota Sorriso, no Médio-Norte mato-grossense, até Rondonópolis, no sul do Estado e onde está o terminal ferroviário, o novo custo passa a ser de R$ 95. Atualmente, o valor praticado chega a R$ 80. No traçado Sorriso ao Porto de Paranaguá (PR), a diferença é ainda superior; chega a R$ 260 a tonelada. Na safra passada oscilou entre R$ 220

A Associação dos Transportadores de Cargas do Mato Grosso (ATC) fala em uma alternativa para minizar os riscos de prejuízos ao segmento transportador.

"A ideia é justamente dar um balizamento para o caminhoneiro e para o empresário do setor de transporte na hora de negociar os fretes. No ano passado o que prevaleceu foi a oferta, mas o que era ofertado não dava sequer para cumprir os custos operacionais de uma empresa ou até um caminhoneiro autônomo", diz Miguel Mendes, presidente da ATC.

O segmento diz ter fechado 2014 enfrentando a pior crise dos últimos 20 anos. "Para que essa cena não se repita agora em 2015 resolvemos criar este limitador, que nada mais é que uma tabela referencial para cobrir pelo menos os custos operacionais das empresas e também dos caminhoneiros", complementou o dirigente.

Segundo Mendes, a tabela de frete vai sofrer reajuste anualmente. No entanto, ele não descarta mudança em um intervalo interior a 12 meses.

"Ela deverá ser corrigida anualmente, a não ser que se tenha um aumento nos preços dos combustíveis e aí sim a gente deve repassar em torno de 40% do percentual que for aplicado no reajuste dos combustíveis, afirma o dirigente.

O presidente da Aprosoja Mato Grosso, Ricardo Tomczyk, defende o diálogo com os transportadores e diz que os dois setores poderiam atuar em conjunto nas chamadas demandas comuns às duas áreas. Conforme o representante, as exportações de milho podem ser inviabilizadas em função dos preços mínimos sugeridos pelas empresas.

"Chega ao ponto de inviabilizar. O que não podemos apoiar é uma cartelização de um elo desta cadeia com um alinhamento de preços que foge completamente das regras de mercado", finaliza Tomczyk.

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