Perto do fundo do Poço- Com dívidas auditadas de mais de R$ 260 milhões; missão de Argemiro é salvar a Coder

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Lucas Fanco Perrone com informações da Assessoria

Trabalhadores da Coder em reunião com a diretoria Foto: Pedrinho News

Perto do fundo do Poço- Com dívidas auditadas de mais de R$ 260 milhões; missão de Argemiro é salvar a Coder

Chance de Coder fechar as portas na situação de hoje chega a 90%

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O resultado de uma auditoria realizada pela Controladoria Interna da Prefeitura de Rondonópolis revela que as dívidas da Companhia de Desenvolvimento de Rondonópolis (Coder), empresa pública municipal, chegam a R$ 262.226.330,86 (duzentos e sessenta e dois milhões, duzentos e vinte e seis mil, trezentos e trinta reais e oitenta e seis centavos). Conforme exposto pela auditoria,  a situação da empresa é gravíssima e exige uma reestruturação financeira urgente.

O presidente da Coder, Argemiro Ferreira, disse na quinta-feira, em entrevista ao programa Bom Dia Cidade, na 104 FM, que vai trabalhar diariamente para salvar a empresa pública. Neste momento, ele chegou a afirmar que na atual conjuntura a chance da empresa fechar as portas é de 90%. “No entanto, a cada dia vou trabalhar para diminuir essa margem, até salvarmos a Coder”, disse.

Argemiro Ferreira é diretor presidente da Coder

Ele ainda explicou que o momento é tão delicado, que a Coder teve que parar os serviços por falta de insumos como no caso da recuperação do asfalto. Outro detalhe é que não há , por exemplo, estoque de lâmpadas, suficientes para reorganizar a iluminação urbana.

A Argemiro, que já presidiu a empresa, por um período na gestão anterior, disse que a situação é crítica. “Estou pegando a Coder, muito, mas muito pior, do que peguei aquela vez”, completou.

A Controladoria Interna do Município constatou que o endividamento da Coder é severamente elevado, com dívidas muito superiores aos ativos totais da companhia. A análise demonstra ainda que, no último mandato da gestão municipal, houve um crescimento significativo das dívidas. Por sua vez, o dinheiro disponível em caixa é praticamente inexistente.

Leia mais sobre o assunto: Coder segue determinação de prefeito e começa operação Tapa-Buracos

Os exames realizados foram concluídos nesta sexta-feira (17/01) e demonstram a real situação financeira da companhia. Do valor total de débitos, as dívidas com terceiros giram em torno de R$ 46.932.477,57 (quarenta e seis milhões, novecentos e trinta e dois mil, quatrocentos e setenta e sete reais, e cinquenta e sete centavos), estando incluídos débitos com fornecedores diversos, como o comércio em geral.

Explanando um pouco mais o resultado, as maiores dívidas da companhia são tributárias, em específico Previdenciária, somando R$ 101.884.518,28 (cento e um milhões, oitocentos e oitenta e quatro mil, quinhentos e dezoito reais e vinte e oito centavos), e as demais dívidas tributárias chegando a R$ 80.553.006,01 (oitenta milhões, quinhentos e cinquenta e três mil, seis reais e um centavo).

Argemiro destacou que deve ainda pedir uma segunda auditoria feita pela própria Coder e lembrou que devido às dividas com fornecedores a empresa tem dificuldades em fazer compras básicas.

“A preocupação é pagar esses fornecedores”, disse.

Ele lembrou que é possível aderir programas de parcelamentos do governo federal como foi feito em outra oportunidade quando foi presidente. “Chegamos a aderir um Refis do ex-presidente Bolsonaro, mas não foi dada a continuidade”, completou.

A Controladoria Interna relata que há evidências de prejuízo severo aos cofres públicos. Expõe que, diante da crítica situação, há a necessidade urgente de medidas para conter o crescimento do endividamento, a exemplo da reestruturação financeira, incluindo capitalização, renegociação de dívidas e revisão completa do modelo operacional, sob o risco de inviabilidade das operações. “A situação do passivo é crítica e requer atenção imediata, especialmente considerando o patrimônio líquido negativo da empresa”, consta.

Procurado pela reportagem, o prefeito de Rondonópolis, Cláudio Ferreira, disse que imaginava que o rombo na Coder fosse menor, sendo que aquilo que fizeram com a companhia na gestão passada é um ataque violento aos trabalhadores da companhia e ao erário público. “A gestão passada é uma gestão criminosa, que está deixando uma herança de prejuízos à população, principalmente àqueles que mais precisam”, criticou o gestor.

Gestão anterior foi criminosa, diz prefeito

Diante dos resultados da auditoria, o prefeito continuou dizendo que a gestão passada fez uma gestão temerária, quebrando a Coder e dando calote nos trabalhadores. Agora, ele avalia que a sociedade está pagando caro pelo que chamou de administração irresponsável feita pelo ex-prefeito Zé do Pátio. “Não vou fazer como ele fez, o ex-prefeito Zé do Pátio deu calote nos trabalhadores, mas não vou aceitar isso na minha gestão”, externou.

Cláudio Ferreira informou ainda à reportagem que, depois da devida manifestação da Procuradoria Geral do Município, vai oficiar os órgãos de controle sobre a situação verificada na Coder, pretendendo abrir um debate para que, de forma conjunta, seja encontrada uma saída que não prejudique ainda mais a Prefeitura, os trabalhadores da empresa e a cidade de Rondonópolis.

Baseado em julgamentos anteriores do Tribunal de Contas de Mato Grosso (TCE), a auditoria recomenda também que “a Administração deve promover a instauração de Tomada de Contas Especial para quantificar o dano ao erário e identificar seu (s) responsável (is)”.

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