Pais deixam emprego para tratar filho com câncer e família faz campanha

Redação PH

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pais deixam emprego para tratar filho com câncer e família faz campanha

Pais deixam emprego para tratar filho com câncer e família faz campanha

Os parentes de um menino de um ano, diagnosticado com um tipo incomum de câncer, fazem uma campanha na internet para tentar arrecadar dinheiro para ajudar os pais da criança, que estão desempregados. Guilherme Bruno Dias da Silva é de Cuiabá e está em São Paulo tratando da doença, desde o ano passado.
A mãe dele, Liszania Francisca da Cunha Dias, contou que o diagnóstico de um tipo de câncer chamado de neuroblastoma na coluna saiu em julho do ano passado. Ela percebeu mudanças no comportamento do filho e procurou ajuda médica.
“Ele começou a parar de mexer as pernas e chorava muito. Nós procuramos um médico e ele passou por uma cirurgia, o que não surtiu muito efeito. Depois fomos para o Hospital do Câncer de Cuiabá, que acabou nos encaminhando para São Paulo para um tratamento mais completo”, disse.
A mãe afirmou que depois da descoberta da doença e do encaminhamento para São Paulo, ela e o marido deixaram os empregos, de vendedor e estoquista, para que pudessem acompanhar o filho no tratamento. Guilherme está internado desde setembro de 2015, no Instituto de Tratamento do Câncer Infantil (Itaci), na capital paulista.
Eles foram encaminhados para a cidade com o auxílio do serviço oferecido pelo governo do estado chamado de Tratamento Fora do Domicílio (TFD). Para fazer parte do programa é preciso, entre outras exigências, apresentar um laudo médico que evidencia o problema do paciente. O tratamento é feito em outro local quando todas as formas de tratamento no estado de origem foram esgotadas.
Segundo a mãe de Guilherme, a dificuldade financeira do casal surge justamente porque as parcelas relativas ao TFD não estão sendo pagas. Ela passa o tempo todo com o filho no hospital e o marido está em uma casa de apoio oferecida pela unidade de saúde. Os dois ainda não conseguiram emprego e vivem com doações de alguns parentes próximos.
“A gente tem se mantido com os que eles podem mandar para a gente, mas é difícil, principalmente, porque em São Paulo tudo é muito caro. O Guilherme precisa de roupa de frio agora com esse clima. Tem tomado um suplemente especial porque perdeu peso e ainda tem utilizado uma fralda diferente porque teve alergias de outra fralda”, explicou.
A mãe afirmou que a descoberta da doença foi difícil para o casal. “Nossa reação foi de desespero. Foi a pior possível porque ele já estava sofrendo antes de descobrirmos a doença. Nós íamos três, quatro vezes, ao médico no mesmo dia porque ele não parava de chorar”, relembrou.
Nesse período em São Paulo, Guilherme já passou por três cirurgias e agora espera o resultado de um exame para verificar o estado atual da doença. A mãe dele afirmou que, de acordo com os médicos, o filho perdeu os movimentos das pernas e ficará com a coluna torta.
Apesar de todos os problemas, Liszania ressalta a alegria do filho. “Ele é um menino que não para de sorrir nunca. Independentemente da dificuldade, está sempre com um sorriso no rosto”, contou.
Campanha
Rosângela Maria de Souza e Silva Campos, tia de Guilherme, é uma das responsáveis pela campanha e relata que a família tem repassado a história do menino via aplicativo de celular para amigos e conhecidos. Além disso, ela é uma das criadoras de uma página do Facebook para auxiliar na divulgação do caso e angariar mais doações.
“A gente decidiu abrir a página no Facebook para que pudéssemos chegar até mais pessoas. Nós, parentes mais próximos, contribuímos com eles sempre com alguma quantia. Mas por conta da situação financeira do país alguns familiares nossos perderam o emprego e já não podem contribuir da mesma forma”, contou.
Ela ainda diz que organizou um almoço, no último domingo (12), para arrecadar uma quantia e produtos para Guilherme. A ideia deve ser repetida nas próximas semanas.
Doença
De acordo com o neurocirurgião oncologista Roger Rotta, o neuroblastoma é um tipo incomum de câncer que aparece, geralmente, em crianças. A enfermidade é ocasionada por células primitivas que acabam 'sobrando' no sistema nervoso dos fetos durante a gestação das grávidas.
O médico argumentou que Mato Grosso tem boa qualificação para o tratamento de doenças como essa, mas que o estado carece de uma unidade especializada para o pós-tratamento infantil.
“Nós [o estado] temos técnica, equipamento, profissionais, medicação para quimioterapia e radioterapia. O problema é que não temos temos uma Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) pediátrica, que é preponderante para o tratamento de tumores em crianças. Tratar crianças com câncer é completamente diferente do que tratar um adulto”, explicou.
Rotta destacou que o câncer é uma doença complexa e que a atenção dada a esses casos deve vir de especialistas em várias áreas.
“É importante lembrar que o principal no tratamento do câncer é a atenção multidisciplinar. É um trabalho que tem de ser feito por vários profissionais, desde psicólogos, terapeutas, oncologistas, radioterapeutas e, no caso de crianças, pediatras”, disse.
O médico ainda afirmou que, dependendo do local onde o tumor se instala, o paciente pode, realmente, perder os movimentos. Sobre o neuroblastoma, ele relatou lembrar de apenas dois casos nos últimos 10 anos de atuação.
Tratamento
Por nota, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) informou que houve atraso no pagamento das diárias “em virtude da reformulação do fluxo dos processos”. A pasta ainda argumentou que “todos os processos estão passando por adequações e estão em trâmite para que o pagamento seja efetuado”.
Família criou página na rede social em busca de apoio (Foto: Reprodução/ Facebook)

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