Nova Política sobre Drogas prevê ampliação do tratamento aos dependentes

Comunidade terapêutica em Goiás Foto: Clarice Castro / Ministério da Cidadania

Nova Política sobre Drogas prevê ampliação do tratamento aos dependentes

A dependência química é uma doença crônica, que geralmente atinge indivíduos que fazem uso constante de determinadas drogas. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), além de um transtorno mental, este é um problema social que afeta a vida psíquica, emocional e física das pessoas.

Desta forma, o combate às drogas demanda uma solução multidisciplinar, desde a prevenção até a reinserção do dependente químico na sociedade. A nova Política Sobre Drogas lançada em junho pelo Governo Federal está sendo implementada em conjunto pelos ministérios da Cidadania, da Saúde, da Justiça e Segurança Pública, dos Direitos Humanos, da Família e Mulher.

A nova política prevê um endurecimento no combate ao tráfico e a ampliação do tratamento aos dependentes. Ao participar de fórum sobre o tema em Blumenau (SC) nesta semana, o ministro da Cidadania, Osmar Terra, disse que o País enfrenta uma epidemia de consumo de drogas e que é preciso levar informação e conscientizar a sociedade sobre isso. Segundo ele, não houve, nos últimos governos, uma política pública consistente para o enfrentamento do problema. A atuação do governo teria ficado restrita apenas à redução de danos, deixando de lado o tratamento e o apoio à abstinência.

“Abstinência é muito importante. E toda política sobre drogas, a pseudo-política sobre drogas que existia no Brasil até o ano passado, dizia que a abstinência não é uma coisa importante, que o principal era a redução de danos. A experiência baseada em evidências científicas no mundo mostra que se a pessoa não ficar em abstinência, ela não tem condições de voltar para uma vida minimamente produtiva, uma vida de responsabilidade social, familiar”, defendeu.

Palestra da ONG Amor Exigente Fonte: ONGO presidente da ONG Amor Exigente, Miguel Tortorelli, disse que a nova política é um avanço em relação a prevenção e ao tratamento de dependentes químicos no país e reforçou a importância da abstinência para combater o uso da droga.

Segundo ele, um usuário quem fuma 30 pedras de crack por dia, diminuir para 10 pedras não funciona. Mas, sim, a interrupção do uso. “Quando o dependente está já numa situação com o cérebro entorpecido e não consegue mais discernir aquilo que pode e deve fazer, então tem que se fazer uma intervenção”, afirmou.

A organização não governamental Amor Exigente, fundada em 1984, atende 100 mil famílias e dependentes químicos em todas as regiões do Brasil e no exterior, em países como Argentina, Uruguai, México, Itália e Israel.

Comunidades Terapêuticas

Cabe ao Ministério da Cidadania, as campanhas de informação e prevenção às drogas, além da promoção do tratamento e o acolhimento dos dependentes químicos. Ao todo, a pasta financia cerca de onze mil vagas em comunidades terapêuticas – quantidade quatro vezes maior do que a do ano anterior. Para essas vagas, está previsto um investimento neste ano de mais de R$ 153 milhões.

“Nós tínhamos duas mil vagas e a gente aumentou para praticamente 11 mil. Queremos chegar a 20 mil. Porque a população está desassistida. Eu acho que os Caps Álcool e Drogas têm um papel importante, mas não pode ser de falar só em redução de danos. Eles têm que ajudar as pessoas a entrar em abstinência”, ressaltou o ministro da Cidadania, Osmar Terra.

A Lei Sobre Drogas, sancionada esse ano, reconhece as comunidades terapêuticas como parceiras do governo federal no acolhimento e no tratamento de usuários de entorpecentes. A legislação ficou também mais rígida em relação ao tráfico de drogas, além de prever a internação involuntária de usuários para desintoxicação.

O acolhimento nas comunidades deve se dar em ambiente residencial, favorecendo a criação de vínculos a partir da convivência entre os pares com atividades de valor educativo e a promoção de desenvolvimento da pessoa. As comunidades terapêuticas contam com equipes formadas por profissionais das áreas da medicina, psicologia e assistência social.

Caso de Recuperação

Vicente Pereira Miranda tem 59 anos e é aposentado. Há 23 anos deixou de utilizar entorpecentes e álcool. Ele frequenta a comunidade terapêutica Fazenda do Senhor Jesus, na região administrativa de Recanto das Emas, no Distrito Federal. Vicente afirmou que o trabalho na comunidade foi fundamental para a vida que tem hoje.

“A minha saúde melhorou, a minha aparência melhorou, o meu conceito com os vizinhos melhorou demais. A minha autoestima melhorou mais. Eu com 59 anos me sinto bem mesmo, pratico futebol, esporte”.

*Com informações do Ministério da Cidadania

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