Nem com o Chapolin Colorado podemos contar

Lucas Perrone

Lucas Perrone

Nem com o Chapolin Colorado podemos contar

Fecha comércio. Abre comércio. Fecha comércio. Abre comércio. Mas que zona! Perceba que as autoridades que estão “cuidando” de nós nessa pandemia são as mesmas que batem cabeça sobre fechamento e abertura, o que pode e o que não, e o que é certo e o que é errado. No meio desse verdadeiro reino da balbúrdia, estamos nós, devidamente trajados de bobos da corte. Só Jesus na causa!  

Como esse país não tem um presidente de fato (apenas de direito), o enfrentamento ao coronavírus, que deveria ter uma diretriz nacional, virou essa esculhambação toda, com promotores e defensores se achando os “caras”, juízes decidindo ao arrepio da orientação do Supremo Tribunal Federal (STF) e prefeitos sofrendo pressões de todos os lados e tentando salvar seus mandatos com os recursos enviados pela União.  

Veja só um exemplo da confusão. No dia 24 de junho o desembargador Mário Kono (TJ/MT) concedeu uma liminar determinando o fecha tudo em Rondonópolis, com exceção para os serviços considerados essenciais. Já no dia 3 de julho o presidente do STF, ministro Dias Tóffoli, cassou a decisão e liberou geral. Na quarta-feira (8) o desembargador federal Souza Prudente (TRF 1ª Região) mandou fechar tudo de novo.  

E aí, excelências, o que vai ser? Fecha ou não? Quem realmente decide? Quem, de fato, manda nessa jaca? O Sassá Mutema ou Sinhozinho Malta? Se os doutores e gestores não conseguem chegar a um denominador comum, qual a capacidade que eles têm para nos orientar?  

Os primeiros casos de coronavírus no Brasil apareceram no começo de fevereiro e praticamente seis meses depois nossas autoridades, em todos os níveis, ainda batem cabeça e não conseguiram uniformizar um protocolo de ações de enfrentamento da pandemia. É inaceitável que diante de um problema nacional, tenhamos decisões isoladas, com cada governador, prefeito, promotor, defensor e juiz decidindo o que fazer de acordo com seus respectivos gostos.  

O pior é que, como são decisões isoladas, elas entram em rota de colisão e aí fica esse pode e não pode.Toda essa situação daria um bom enredo de comédia de quinta categoria se não fosse um detalhe: o que está sendo decidido gera consequências nas nossas vidas, tanto a física, que tem que ser a prioridade número um, quanto a financeira.  

E sabe por que isso está acontecendo? Pelo simples fato de que falta uma pessoa para chamar para si a responsabilidade de coordenar, em nível nacional, esse trabalho. O ex-ministro da Saúde, Henrique Mandetta, tentou assumir esse papel, mas, como bateu de frente com o ego e as maluquices do presidente da República de direito, terminou sendo retirado do cargo.  

Enfim, enquanto nossas autoridades exercitam seus egos, medindo forças para ver que manda mais, e o presidente de direito brinca de governar, a população fica como peteca, sendo jogada de um lado para o outro.

Como o Chapolin Colorado já morreu, não nos resta nem o consolo de perguntar “quem poderá nos salvar?”. Seria cômico, se não fosse trágico.

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