Segundo o procurador da república Carlos Fernando dos Santos Lima, não existem provas na 17ª Operação Lava Jato contra o ex-presidente Lula. As especulações surgiram após a prisão de José Dirceu, nesta segunda-feira, que foi ministro da Casal Civil durante o governo de Lula (2003 a 2005).
Perguntado se o ex-presidente Lula poderá vir a ser alvo das investigações, o procurador afirmou que nenhuma hipótese pode ser descartada. “Não se descarta nenhuma hipótese de investigação. Não vamos dizer que estamos investigando ninguém da gestão anterior, ninguém da atual gestão.”
Procurado, o Instituto Lula não comentou de imediato as declarações do MPF.
De acordo com a MPF (Ministério Público Federal), Dirceu comandava o esquema de corrupção na Petrobras quando era ministro.
Segundo os órgãos que investigam o esquema, diversas empreiteiras, entre elas a UTC, Engevix, Camargo Corrêa, pagaram propina à empresa de consultoria de Dirceu, a JD Consultoria.
Ainda de acordo a investigação, o ex-ministro recebia dinheiro em espécie na própria sede do PT. Pessoas vinculadas a Dirceu também ganhavam pagamentos mensais. Um dos investigados, por exemplo, chegou a receber mais de R$ 30 milhões.
Nova fase da Lava Jato
O ex-ministro José Dirceu foi preso na manhã desta segunda-feira, em Brasília, pela 17ª fase da Operação Lava Jato. Ele é investigado pelo Ministério Público por suspeita de receber recursos de empreiteiras envolvidas no esquema de corrupção na Petrobras. Condenado no Mensalão, o ex-ministro cumpria pena em prisão domiciliar desde o fim do ano passado. Com isso, ele pode ter a pena agravada.
Ele já está na Superintendência da Polícia Federal em Brasília. Só o ministro Luís Barroso pode liberar Dirceu a comparecer em Curitiba, sede da Políca Federal, para prestar depoimento.
Foram expedidos 40 mandados judiciais, sendo três de prisão preventiva, cinco de prisão temporária, 26 de busca e apreensão e seis de condução coercitiva. Entre os detidos estão Luiz Eduardo de Oliveira e Silva, sócio da JD Consultoria e irmão de José Dirceu; e o ex-assessor de José Dirceu, Roberto Marques, conhecido como Bob.
A operação foi batizada de Pixuleco, termo usado pelo ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto para pedir dinheiro, segundo depoimento do presidente da UTC, Ricardo Pessoa. Os mandados são cumpridos em Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro.
Entenda cada fase da operação
A Lava Jato investiga um esquema de corrupção principalmente na Petrobras, no qual empreiteiras formaram um cartel para vencerem contratos de obras da estatal. Em troca, pagavam propina a funcionários da empresa, a operadores que lavavam dinheiro do esquema, a políticos e partidos.