Medo e insegurança: Brasileiros em Israel contam o que mudou em suas vidas com onda de atentados

Redação PH

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Medo e insegurança: Brasileiros em Israel contam o que mudou em suas vidas com onda de atentados

Convivendo com o medo. É assim que os brasileiros que moram em Israel definem a vida no país nos últimos dias. “Há duas semanas eu evito sair de casa”, afirma a paulistana Sofia Mansur. Ela já vive em Israel há mais de dez anos e afirma estar sentindo uma sensação de insegurança que há muito tempo não sentia.

— Hoje em dia, você não pode nem sair na rua, que pode vir algum terrorista louco e te atacar a facadas. Simplesmente por você ser judeu.

Enquanto conversava com a reportagem do R7, Sofia disse ter visto diversas ambulâncias e viaturas de polícia passando por seu bairro, Bnei Brak, localizado no centro financeiro de Israel, Tel Aviv. Momentos depois, os jornais da região noticiaram que uma grande operação policial em Givatayim, há cerca de 15 minutos da casa de Sofia, resultou na prisão de dois palestinos suspeitos de terrorismo.

— Eu acho que tenho mais medo pelo meu filho, que tem só dois meses de idade. E até os árabes estão evitando sair na rua. Eu sempre vou no parque com o meu marido e costuma ter muitos árabes por lá, mas essa semana não tinha nenhum.

Nas últimas semanas, uma onda de ataques vem tomando conta das ruas de Israel. Até o momento, sete judeus e dezenas de muçulmanos foram mortos em mais de 20 atentados provocados por palestinos.

Com a violência crescendo e a sensação de insegurança tomando conta tanto de palestinos quanto de israelenses, alguns meios de comunicação já estão falando em uma possível terceira intifada — do árabe, “revolta” — remetendo aos grandes conflitos de árabes contra a ocupação israelense que ocorreram de 1987 a 1993 e de 2000 a 2005.

No entanto, diferente dos conflitos anteriores, desta vez, os ataques estão ocorrendo não só nas regiões de fronteira dos territórios ocupados, como Jerusalém e nas proximidades da Faixa de Gaza, mas também em cidades do interior, como Raanana, Hadera, e Afula.

Uma das causas para a onda de violência é a disputa territorial de Jerusalém, algo questionado pelos muçulmanos, que também consideram a cidade uma referência religiosa.

Insegurança

Há 12 anos morando em Israel, a paulistana Nicole Sara reside atualmente no bairro de Jaffa, Tel Aviv. Segundo ela, mesmo com o policiamento reforçado nas ruas da cidade, a sensação generalizada ainda é de insegurança.

—Você fica com medo de sair na rua. Eu moro em um bairro metade árabe e metade judeu. Você não sabe mais quem é amigo e quem é inimigo. Qualquer um pode ser terrorista e pode te matar.

Nicole afirma que as ruas da cidade “estão vazias”. Seu bairro, conhecido pelos bares e pela vida noturna agitada, viu seu movimento diminuir consideravelmente com a onda de ataques.

— A sensação de medo é a mesma que eu tinha em São Paulo. Quando eu cheguei aqui em Israel, tive um sentimento totalmente novo, de me sentir livre. Poder sair na rua sem preocupação. Hoje, depois de quase 12 anos, eu voltei a ter um sentimento de falta de liberdade. Eu nunca tive medo de árabes, mas um árabe coloca a mão no bolso e já acho que ele está pegando uma faca para me matar.

A carioca Aline Goffman também está evitando sair de casa. Ela conta que seu meio de transporte cotidiano, o ônibus, sempre foi considerado seguro. No entanto, com a onda de ataques, ele se tornou um dos alvos preferidos dos terroristas, o que fez com que ela mudasse sua rotina.

— Ontem (terça-feira) eu estava saindo de casa e meu marido, que é israelense e combateu na guerra do Líbano, me ligou. Ele queria que eu pegasse um taxi para ir ao trabalho. Hoje, eu vim de ônibus, mas com spray de pimenta na mão e os olhos bem abertos, observando todas as pessoas e sem poder demonstrar medo nenhum.

Na opinião de Aline, os atentados cometidos pelos árabes palestinos não ajudam em nada a causa pela qual eles lutam.

— Acho que a violência só aumenta, não só aqui como também na Europa e até no Brasil. Esse fanatismo não leva a nada. É uma violência sem cabimento.

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