Sem querer, Maria Angélica Lima, de 45 anos, passou a ser um dos principais personagens das manifestações que tomaram o Brasil no último domingo (13). Ela é a babá flagrada em uma icônica foto tirada em Ipanema, no Rio de Janeiro.
Na imagem, Angélica está empurrando o carrinho de bebês com os filhos do patrão. Moradora de Nova Iguaçu, ela estudou até o ensino médio e afirma que trabalha aos finais de semana como babá para desafogar as contas.
“O pobre é que sofre [com a crise]. O preço da comida aumentou muito. Íamos reformar a casa, mas não vai dar. A solução começa por mudar o Congresso todo. Sou a favor da manifestação. E me senti exposta”, afirma Angélica ao jornal Extra.
A babá afirma também que nunca se sentiu obrigada a ir às manifestações. Ao Extra, ela destaca que apesar de apoiar os protestos, não acredita em mudanças no Brasil. “A presidente Dilma saindo, quem entrar vai continuar roubando. O país é assim”, diz ela.
Eleitora de Aécio Neves na última eleição, ela afirma que queria “dar uma oportunidade de que ele mudasse o quadro”. Ao abordar outra questão que levantou polêmica, Angélica também afirmou que não se incomoda de usar uniforme. Nas redes sociais, esse foi um dos pontos mais criticados.
“Acho que é um dever que a gente tem [usar uniforme]. Tem casas que pedem, outras não. Eu acho até melhor porque preserva mais as nossas roupas. E tudo eles que dão. Eles dão sapato, calça, bermuda, blusa”, contou ela ao Extra.
Nas redes sociais, a foto foi utilizada por muitas pessoas como um retrato da desigualdade social do país. Outros ainda apontaram condições de subemprego associadas a babás e empregadas domésticas. Para eles, Angélica também deixa seu recado.
“Não fiquem preocupados. Quem me apoiou, sabe do valor da gente, que é babá, de trabalhar, de ter nosso dinheiro. A gente tem que dar valor ao trabalho, independente de usar uniforme ou não”, finaliza Angélica.